“O presidente nunca olhou para Belo Horizonte”, acrescentou Kalil
O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), disse que Jair Bolsonaro ficou “sozinho” por conta de seu “grito absolutista” durante a pandemia e “definitivamente” não terá seu apoio em 2022.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Kalil afirmou que “do Bolsonaro, não subo no palanque. Definitivamente. Pela consideração que ele teve comigo como prefeito da capital. Ele não me recebeu. Ele veio aqui duas vezes. Foi recebido, quando candidato, e, quando presidente da República, ele não me recebeu”.
O prefeito de Belo Horizonte contou que tentou ser recebido por Jair Bolsonaro, já presidente, duas vezes, mas não conseguiu.
BOLSONARO PROMETEU R$ 1 BI CONTRA AS CHUVAS E SÓ ENTREGOU R$ 7 MILHÕES
Relatou também que Bolsonaro prometeu enviar R$ 1 bilhão para os municípios de Minas Gerais atingidos por enchentes em janeiro de 2020, mas só entregou R$ 7 milhões à capital mineira.
Alexandre Kalil disse que Bolsonaro “nunca olhou para Belo Horizonte”. “Veio aqui, tivemos a tragédia das chuvas, voou de helicóptero, prometeu, dentro do aeroporto de Confins, R$ 1 bilhão, mandou R$ 7 milhões, e nós gastamos R$ 200 milhões”.
Sobre as eleições, Kalil falou também que não apoiará Lula se o PSD tiver um nome para a Presidência da República, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que é um “ótimo candidato”.
“Se o PSD tiver candidato tenho a obrigação, não só moral, como institucional de apoiar. Aí a história do Lula vai por água abaixo. Para você ver como é tudo fantasia absoluta. Como vou apoiar o Lula, se o Rodrigo for candidato a presidente?”.
Questionado se apoiaria Lula caso Pacheco não seja candidato, respondeu: “alto lá! Aqui não tem ‘liga o automático’ não”.
“O prefeito de Belo Horizonte, se for apoiar alguém como prefeito de Belo Horizonte, não liga o automático. Tem que avaliar. A cidade tem que se posicionar através do seu prefeito em busca de algum bem para a cidade. Um governo melhor, que cuide de Belo Horizonte, nada aqui é no piloto automático”.
Alexandre Kalil criticou aqueles que têm feito campanha antecipada, como, segundo ele, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). “O povo ainda não estava comendo osso, o gás ainda podia ser comprado e já estavam falando em campanha. Cuidaram tanto da eleição que o povo foi para o vinagre. O povo se fodeu”.
BOLSONARO SE ISOLOU COM SEU NEGACIONISMO
Ainda durante a entrevista, o prefeito de Belo Horizonte criticou a postura negacionista de Jair Bolsonaro durante a pandemia, quando boicotou o isolamento social, praticou charlatanismo com a cloroquina e outras drogas e recusou ofertas de vacinas.
Para Kalil, Bolsonaro “seguiu sozinho. Solitário. No grito do poder absolutista que ninguém ouviu. Então não adiantou o próprio governador de Minas [Romeu Zema], que é irmão do presidente da República, estão sempre abraçados, nem ele tinha o poder sobre Minas Gerais. Quem tinha eram os prefeitos. Lá na ponta”.
O prefeito, que defendeu o isolamento social e outras práticas não farmacológicas de combate à pandemia criticadas por Bolsonaro, falou que “eu sabia o que eu estava fazendo”.
“Só tinha uma opção. O cara de inteligência mediana, só tem uma opção: ou ele corre para a ciência ou ele fica perdido no meio do tiroteio. É esse caminho, ou a morte”.
Kalil relatou que “no momento de alta da pandemia” as manifestações contrárias às suas práticas, vindas principalmente de apoiadores do governo Bolsonaro, “pararam”.
“É porque ninguém imaginou que nós íamos empilhar 620 mil caixões. As hostilidades, que não foram hostilidades, foram buzinaços na porta da minha casa”.