Com inflação e desemprego nas alturas, apenas 6,1% das negociações salariais coletivas conseguiriam aumentos reais no mês de novembro. Os dados são do boletim Salariômetro, feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que mostra que desde fevereiro de 2020, ou seja, há 21 meses, que a mediana dos reajustes não resulta em aumento real para os trabalhadores.
Em novembro, a maior parcela dos trabalhadores (47,2%) teve perdas reais, enquanto 46,7% conseguiram repor a inflação. A parcela com perdas reais chegou a 75% em fevereiro e entre agosto e outubro ficou entre 67% e 70%. Ao longo de 2021, em nenhum mês a mediana dos reajustes foi maior que a inflação.
O aumento da inflação tem corroído a renda das famílias e dificultado as negociações, agravando ainda mais a crise. Segundo dados do Banco Central com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-Contínua), o rendimento real médio habitual dos trabalhadores com carteira assinada ficou 6,5% menor em setembro na comparação com o mesmo período do ano passado.
As categorias profissionais que mais perderam em novembro são do setor de serviços, um dos mais atingidos durante a pandemia de Covid-19 e que, depois de um período de recuperação em meados do ano, voltou a ficar no negativo.
O segmento de tinturaria e lavanderia foi o que mais perdeu poder de compra com o reajuste 4,1% abaixo da inflação, seguida pela dos trabalhadores em restaurantes, hotéis e turismo, com perdas de -3,7%. Gráficas e editoras também tiveram reajuste 3,3% menor que o INPC do período e condomínios e edifícios 3,3% de perda. Os trabalhadores da construção civil também perderam em novembro.
A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), acumulada em 12 meses, atingiu 11,1%.
As categorias que conseguiram os melhores acordos nas negociações conseguiram a reposição inflacionária sobre os salários, entre elas o comércio, a indústria química, farmacêutica e de plásticos, transporte, armazenagem e comunicação, indústria extrativa e educação.