“No Brasil, há cerca de 1,5 milhão de trabalhadores em aplicativos, sem descanso remunerado, sem proteção previdenciária, sem garantia de renda e com jornada de trabalho de até 18 horas diárias, 7 dias por semana, para receber cerca de 10 centavos de dólar por hora”, afirmou Antonio Neto
“Quase 70% da força de trabalho está no desalento, no desemprego ou na informalidade. E apenas cinco pessoas concentram a mesma riqueza que os 100 milhões de brasileiros mais pobres”, denunciou Antonio Neto em nome dos trabalhadores brasileiros na 110ª Conferência Internacional da OIT, nesta terça-feira, em Genebra.
Neto, presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) foi indicado delegado dos trabalhadores brasileiros pelo sistema de rodízio entre as centrais. Da Conferência, participaram 187 países, com delegados dos governos, dos empresários e dos trabalhadores. Também foi discutida a aplicação das normas e convenções da OIT, órgão da ONU.
Neto, em seu pronunciamento, afirmou que o governo brasileiro está “tirando direitos, desmontando a Previdência, perseguindo os sindicatos, enfraquecendo as negociações coletivas, complacente com o trabalho infantil e escravo e escolhendo os servidores públicos como inimigos”.
Para o delegado brasileiro, uma face disso está exposta em um sistema de escravidão moderna chamado trabalho em aplicativo: “No Brasil, há cerca de 1,5 milhão de trabalhadores em aplicativos, sem descanso remunerado, sem proteção previdenciária, sem garantia de renda e com jornada de trabalho de até 18 horas diárias, 7 dias por semana, para receber cerca de 10 centavos de dólar por hora”. Segundo Neto, ”negligenciar as consequências produzidas por esse retrocesso não é uma opção. Sem regulamentação, estaremos nos calando diante da nova escravidão disfarçada de empreendedorismo”.
“O Governo brasileiro, que tem uma agenda negacionista e economicamente cruel, que produziu um genocídio na pandemia com quase 670 mil mortos – taxa de mortalidade quatro vezes maior que a média mundial – promove um tensionamento em nossa democracia. O Presidente do Brasil estimula a desconfiança do sistema eleitoral, incentiva a desarmonia entre os poderes e atiça seus seguidores a perseguir a imprensa, a oposição e o judiciário”, afirmou Neto.
CARLOS PEREIRA
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