O senador Major Olímpio (PSL-SP) afirmou na quarta-feira (25), em entrevista à revista Veja, que ficou perplexo com o discurso do presidente Jair Bolsonaro na noite da terça-feira 24, no qual se referiu ao coronavírus como “resfriadinho” e criticou governadores e a cobertura da imprensa. Na avaliação do líder do partido no Senado, “tem que ser alienado para concordar com Bolsonaro”.
“Ninguém suspende Olimpíada, com bilhões envolvidos em contratos, por gripezinha. Um país não apresenta um pacote de 2 trilhões de dólares por um resfriadinho, a Índia não colocou 1,2 bilhão de pessoas em confinamento por uma bobagem. Não dá para acharmos razoável que uma pessoa diga que o coronavírus é coisa de comunista ou plano do governo chinês”, argumentou o senador.
Para o senador, o comportamento errático e agressivo do presidente está provocando o seu isolamento. “Todos os líderes se manifestaram contra Bolsonaro, ninguém disse uma palavra em sua defesa. Afinal, não se justifica o injustificável. Dá para ser aliado, mas não alienado. Para concordar com Bolsonaro nesse momento, tem que ser alienado. O melhor que Bolsonaro poderia fazer era ouvir o seu ministro da Saúde, ficar em casa isolado e não falar nada”, afirma o senador.
Depois dos políticos, agora são os empresários que concluem pela irresponsabilidade do presidente. “Ministros já saíram, parlamentares e governadores já romperam. O empresariado, como o grupo Brasil 200, também tece críticas. Não dá para continuar em um barco que rema contra a maré, na contramão de tudo o que o mundo vem pregando. É como costumo dizer: o último a sair que apague a luz, tranque a porta e jogue a chave pela janela. Isso é muito ruim para a sua governabilidade, mas não podemos esperar que o governo se adeque ao que o país enxerga como necessário e correto”, afirma.
Apesar da animosidade com o Parlamento, Olímpio garante que o Congresso não prepara nenhum tipo de contragolpe às declarações de Bolsonaro. “O posicionamento dos líderes é manter o compromisso com a agenda do país. Hoje, em meio à crise deflagrada pelo discurso, vamos votar duas MPs, um empréstimo ao governo de Alagoas. Essa é nossa melhor resposta. Temos 29 projetos relacionados ao coronavírus, não nos interessa acirrar ainda mais os ânimos. Estamos agindo como bombeiros.