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O Proarmas, grupo armamentista, realizou um evento em Brasília no sábado (9) pelas armas, no Dia Mundial do Desarmamento, um problema sério para vários países, entre eles os Estados Unidos, que espalharam armas a rodo entre suas populações, trazendo resultados trágicos e muitos massacres.
O evento reuniu o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o troglodita deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), que tem apoio de milicianos e destruiu uma placa em homenagem à vereadora covardemente assassinada, Marielle Franco.
Foram cerca de 2.700 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar do DF, número muito aquém do esperado, já que anunciavam o evento como um “esquenta” da manifestação que os bolsonaristas estão convocando para profanar novamente o 7 de setembro próximo.
O grupo se concentrou na Catedral Metropolitana e, por volta das 9h, e saiu em marcha pelo canteiro central da Esplanada dos Ministérios.
O Proarmas tenta esconder seus intentos violentos disfarçado sob a bandeira que associa a “liberdade” a ter armas até os dentes e diz que é um “direito fundamental” da legítima defesa se armar.
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Para completar o disfarce, alguns profanaram as bandeiras do Brasil no evento, segurando-as, e várias pessoas participaram do ato vestidas de branco. Outras usavam explicitamente toalhas com o rosto de Bolsonaro.
Os promotores do evento não fizeram nenhum esforço para ocultar o caráter de campanha eleitoral antecipada para Bolsonaro e exaltaram as medidas dele para facilitar o acesso às armas.
O grupo trabalha principalmente a favor dos CACs (caçadores, atiradores e colecionadores), sigla que usam e sob a qual se abrigam para conseguir seus objetivos, armar mais. É claro que nem todos os CACs são malfeitores, mas estes não vão se reprimir em se intitularem (e conseguirem documentação para tal beneficiados pelos decretos de Bolsonaro) como tal para aumentar mais ainda seus arsenais criminosos, levando insegurança para as famílias e cidadãos de bem, além de dar mais trabalho para os policiais militares.
O filho de Bolsonaro, Eduardo, em discurso, pediu voto e gritou o slogan da campanha bolsonarista: “Eu não quero saber o que vocês pensam sobre as urnas eletrônicas, vá votar […]. Então, meus caros, vou finalizar aqui com um grito que vocês já conhecem e, quem puder complementar aqui, eu agradeço. ‘Brasil acima de tudo, Deus acima de todos'”.
Eduardo Bolsonaro ainda criticou e ameaçou delegados federais que, sabiamente, não dão porte de armas a CACs. Projetos de lei estão sendo aprovadas nos estados para o porte de arma dos CACs. “Se o delegado federal não quiser cumprir a lei estadual, a gente vai entrar na Justiça. A gente vai expor esse cara. Se a gente segue a lei, por que as autoridades não seguem a lei?”, disse Eduardo.
Ricardo Caiafa, pré-candidato a deputado distrital do Distrito Federal pelo PL, disse que o mais importante é reeleger Bolsonaro. Ele distribuiu panfleto dizendo: “pelo porte [de armas] geral para todos os CACs”.
“A minha pré-candidatura é secundária. Em primeiro lugar todos nós temos uma missão, e essa missão a gente tem que abraçar e cumprir ela à risca, que é reeleger o nosso presidente da República, Jair Bolsonaro. Depois a gente vai se preocupar com o resto”, declarou.
O governo publicou, até o momento, 15 decretos presidenciais, 19 portarias, dois projetos de lei e duas resoluções que flexibilizam regras sobre armas. Além disso, enfraqueceu os mecanismos de controle e fiscalização desses artigos.
Em uma live, Bolsonaro prometeu que o número de CACs irá crescer ainda mais se ele for reeleito. “Estamos chegando a 700 mil CACs no Brasil. Eu pretendo, havendo uma reeleição, o ano que vem chegar a 1 milhão de CACs no Brasil”. É muita arma para bandido nenhum botar defeito.
MILÍCIAS
Um levantamento feito pelo jornal O Globo mostrou como as decisões de Jair Bolsonaro beneficiaram diretamente as milícias e organizações criminosas de pelo menos nove Estados.
Pessoas com certificado de Caçador, Atirador e Colecionador (CAC), também têm vendido armas compradas legalmente para criminosos.
Segundo o Globo, há processos em que 25 CACs foram acusados ou condenados por serem membros de organizações criminosas. A maior parte das denúncias aconteceu depois do começo do governo Bolsonaro.
Na favela do Quitungo, na Zona Norte do Rio de Janeiro, a Polícia Civil prendeu, em abril de 2021, seis milicianos que estavam recolhendo taxas dos comerciantes locais.
Dois deles carregavam revólveres na cintura. Marcelo Orlandini, chefe da milícia, e Wallace César Teixeira adquiriram as armas legalmente através do CAC.
Eles tentaram se livrar falando que estavam indo para um clube de tiro, o que, de acordo com um decreto editado por Jair Bolsonaro, permite que os CACs portem suas armas “em qualquer itinerário”. Os dois foram condenados a sete anos por porte ilegal de arma e constituição de milícia privada.
Em fevereiro, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Confessio contra um esquema de falsificação de documentos do Exército para burlar a fiscalização e o controle na aquisição, posse, porte e comercialização de armas de fogo e munição. A falsificação começava com o registro forjado de Caçador, Atirador e Colecionador (CAC). A partir daí, os demais papéis frios eram emitidos.
Ao mesmo tempo, agora em junho, o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que o país registrou 47,5 mil mortes violentas e aumento dos roubos em 2021, ainda durante a pandemia.
Os dados do 16º anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostraram que o país registrou mais assassinatos, mais roubos e mais armas de fogo nos últimos anos. Os dados também reúnem os casos de injúrias, estupros, violência doméstica, entre outros. Ou seja, mais armas não reduziram o número de violência, pelo contrário.
Apesar de uma queda pequena de 6,5% no número de mortes violentas no país, 47.503 foram assassinadas em 2021, demonstrando um número altíssimo de mortes de acordo com os dados do FBSP. Isso significa que 20,4% dos homicídios do mundo ocorreram no Brasil.
EUA
A campanha armamentista bolsonarista está na contramão do que acontece no mundo, quando há apelos pelo desarmamento por conta da onda de violência.
Nos seis primeiros meses do ano, já aconteceram 322 casos de tiroteios em massa nos Estados Unidos, informa o Gun Violence Archive. Bolsonaro falou que quer “provar leis sobre armas de fogo muito parecidas com as dos EUA”, mesmo diante do desastre que está acontecendo no país ao norte.
O Gun Violence Archive, uma organização sem fins lucrativos que registra, desde 2013, os casos de violência relacionados a armas nos Estados Unidos, aponta que o número de tiroteios em massa vem crescendo.
Em 2019, foram 417 tiroteios em massa e 39.580 mortes por armas. Em 2020, 610 tiroteios e 43.617 mortes. No ano passado, aconteceram 692 tiroteios e morreram 45.034 pessoas.
Somente até 7 de julho de 2022, morreram 22.749 pessoas por conta das armas, às quais os cidadãos americanos podem acessar quase livremente.
Também já morreram 181 crianças de 0 a 11 anos, além de 688 adolescentes de 12 a 17 anos.
No desfile do dia 4 de julho, dia da Independência dos Estados Unidos, na cidade de Highland Park, em Illinois, um atirador se posicionou em um telhado com um fuzil e atirou contra as pessoas. Ao todo, foram 8 mortos e 24 feridos.
O governador do Estado, J.B. Pritzker, tem pressionado pela aprovação de leis mais rigorosas para impedir o acesso a armas em Illinois. “Nós devemos e vamos acabar com essa praga da violência por armas”, disse.
LULA
Recentemente, Bolsonaro atacou o ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto, ao reclamar, em sua live do dia 30 de junho, que o ex-presidente e candidato da oposição fecharia os centros de tiro criados por ele e abriria centros de leitura. Que ele trocaria armas por livros.
“Não esqueça que o outro cara, o de nove dedos, já falou que vai acabar com o armamento no Brasil. Vai recolher as armas, clube de tiro vai virar biblioteca, como se ele fosse algum exemplo pra isso”, disse Bolsonaro, depois de homenagear um troglodita armado até os dentes, que não sabe nem o que é uma escola, com a medalha de Ordem do Mérito do Livro, da Biblioteca Nacional.
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