Novo ministro da Justiça e Segurança Pública adota discurso semelhante ao de Bolsonaro. Presidente da República empossou, nesta terça-feira (6) à tarde, os seis ministros nomeados como parte de reforma ministerial, que principiou crise no governo, no final do mês de março. Ausência do ex-ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, foi mais uma demonstração da rejeição às mudanças efetivadas por Bolsonaro no segmento militar
O delegado da Polícia Federal Anderson Torres tomou posse como ministro da Justiça e Segurança Pública, nesta terça-feira (6), e fez discurso em defesa da flexibilização das medidas de quarentena e de restrição do funcionamento do comércio apesar da pandemia da Covid-19 se encontrar no seu pior momento no país.
Discurso ao estilo do chefe: bolsonarista-negacionista-extremista. Por óbvio, agradou sobremodo quem queria agradar.
O discurso dele foi bem parecido ao de Bolsonaro, que já disse temer por “caos social” no Brasil por conta da proibição ao funcionamento de algumas atividades profissionais. Diante disso, Torres afirmou que “nesse momento, a força da segurança pública tem que se fazer presente, garantindo a todos um ir e vir sereno e pacífico”.
“Precisamos dar um upgrade nesse momento, trazer de volta a economia desse país, colocar as pessoas para trabalhar”. “Esse País precisa girar para a gente poder sair dessa pandemia. Tenho muito medo de crises maiores decorrentes de fome, desemprego e outros problemas. Nós vamos ajudar a superar tudo isso”, discursou o indefectível bolsonarista. Foi nitidamente um discurso para agradar ao chefe.
AO GOSTO DO CHEFE
“A Justiça e a Segurança Pública, somadas, são a espinha dorsal da paz e da tranquilidade da Nação, principalmente quando se passa por uma crise sanitária mundial como a que vivemos, que impacta diretamente a economia e a qualidade de vida dos cidadãos brasileiros”, disse.
“Vou estar empenhado 24 horas por dia, sete dias por semana, para ajudar esse país nesse momento difícil. Nós vamos dar uma virada. Contem com o Ministério da Justiça e Segurança Pública para dar essa tranquilidade ao povo brasileiro. Estaremos lá incansavelmente, não só correspondendo, mas superando expectativas”, acrescentou.
Torres foi chefe de gabinete do ex-deputado Fernando Francischini (PR), atualmente no PSL. Ele é ligado politicamente ao ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF), que é próximo ao presidente Bolsonaro. Fraga já defendeu a recriação do Ministério da Segurança Pública. O ex-deputado declarou que acreditava em manifestação do presidente favorável sobre o assunto.
Assim que tomou posse, Anderson Torres nomeou Paulo Gustavo Maiurino para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal.
Maiurino foi secretário de segurança do Supremo Tribunal Federal (STF) até setembro de 2020. Ele assumirá o cargo no lugar de Rolando de Souza, que havia sido escolhido por Alexandre Ramagem, diretor-geral da Abin.
Na Polícia Rodoviária Federal, Eduardo Aggio dará lugar ao inspetor Silvinei Vasques.
O governo Bolsonaro tem o seu quarto diretor-geral da PF. Antes de Rolando, passaram pelo cargo Maurício Valeixo e Alexandre Ramagem (que teve a nomeação suspensa por ordem do STF).
POSSE RESERVADA E AUSÊNCIA DE EX-MINISTRO DA DEFESA
A posse de Torres e Mendonça foi reservada e sem a cobertura da imprensa, como normalmente acontece. Torres assumiu o MJ no lugar de André Mendonça, que voltou ao comando da AGU (Advocacia Geral da União). Deixou o cargo, José Levi.
Além de Torres e Mendonça, outros quatro ministros foram admitidos ou realocados na reforma ministerial de Bolsonaro. E também tomaram posse nesta terça-feira. Essas foram abertas à imprensa.
Saiu da Secretaria de Governo o general Luiz Eduardo Ramos e entrou em seu lugar a deputada-licenciada Flávia Arruda (PL-DF), que vai ser a ponte entre o governo e o Congresso, nas articulações políticas palacianas no Legislativo.
O ministro-general Braga Neto deixou a Casa Civil e passou a ocupar, no lugar do general Fernando Azevedo e Silva, o Ministério da Defesa. Registre-se que Azevedo e Silva não compareceu à cerimônia, certamente, em razão da repulsa à forma com que Bolsonaro mudou o comando do Ministério e das três forças militares.
O ex-chanceler, ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foi substituído pelo embaixador Carlos França, que era assessor-chefe da Assessoria Especial da Presidência.
M. V.