As chuvas que atingem o Estado de São Paulo desde a madrugada do último domingo (30) causaram ao menos 21 mortes na Grande São Paulo e no interior do Estado. Até a manhã desta segunda-feira, 24 vítimas haviam sido confirmadas em oito cidades: 14 adultos e 10 crianças.
Segundo a Defesa Civil do Estado, 660 famílias desabrigadas (precisaram sair de casa e estão em abrigos) ou desalojadas (estão em casas de parentes).
Em Várzea Paulista, no interior de São Paulo, cinco pessoas da mesma família morreram após a casa em que moravam ser atingida por um desmoronamento. As vítimas são um casal, um bebê de 1 ano e duas crianças, uma de 10 e outra de 12 anos;
Em Embu das Artes, na Grande São Paulo, três pessoas, também de uma mesma família, morreram após uma casa ser atingida por um deslizamento de terra na madrugada deste domingo. As vítimas são a mãe e dois filhos – uma menina de quatro anos e um rapaz de 21 anos. Quatro pessoas conseguiram escapar;
Em Jaú, um homem de 61 anos morreu após ter a casa invadida pela água da chuva;
Em Arujá, a vítima é um homem de 59 anos. Ele morreu depois que o carro que dirigia ficou submerso;
Oito pessoas morreram em Franco da Rocha, segundo a Prefeitura. Segundo informações preliminares da equipe de saúde do município, entre as vítimas estão quatro homens e uma mulher. São eles Diego dos Santos; Cleber Bonfim, de 37 anos; Anderson da Costa, 26 anos; Amanda Sales, 25 anos; e Vinicius, 13 anos. Outras três pessoas que morreram seguiam sem identificação .
Quatro pessoas morreram em Francisco Morato, sendo três crianças e um adolescente; há ainda oito feridos e quatro desaparecidos;
Em Ribeirão Preto, na noite de sexta-feira (28), um homem de 57 anos foi arrastado pela enxurrada;
Em Itapevi, na Grande São Paulo, um bebê morreu vítima de desabamento.
No domingo, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), sobrevoou as regiões alagadas. As chuvas ainda causaram inundações em diversos municípios e a vacinação contra a Covid-19 teve que ser cancelada na capital. A decisão foi tomada para preservar a segurança de cidadãos e servidores, já que as vacinas seriam aplicadas em áreas abertas. Doria prometeu destinar R$ 15 milhões aos municípios, em caráter emergencial. O valor será distribuído de acordo com a gravidade da situação de cada local e deve ser utilizado principalmente para o aluguel social e obras de encosta.
Abertura de comportas deixa Franco da Rocha sob alerta
A represa Paiva Castro, do sistema Cantareira, localizada entre os municípios de Franco da Rocha e Mairiporã, está sob alerta para abertura de comportas. Segundo boletim técnico da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), na manhã desta segunda-feira (31) a represa atingiu 81,6% de sua capacidade operacional.
No domingo (30) à noite, a Prefeitura de Franco da Rocha já havia emitido um alerta máximo para “risco iminente de abertura das comportas”. Até então, a represa estava com 78,7% de seu volume preenchido, entrando na zona limite da cota de segurança para retenção de água no local.
“Tivemos uma trégua das chuvas durante a madrugada e, por enquanto, [o risco de abertura das comportas] está afastado. Vamos depender do tempo. Se voltar a chover, esse risco volta a existir”, afirmou Nivaldo Santos (PTB), prefeito do município.
“Já foram retiradas famílias que moravam numa vila onde é possível alagamento caso a represa venha a abrir as comportas. Tomamos essas medidas para atingir o menor número possível [de pessoas]”.
De acordo com o Governo de São Paulo, o procedimento de abertura das comportas é uma medida para garantir a segurança da barragem e da população.
“Se as comportas permanecerem fechadas, a represa corre o risco de romper, permitindo que toda a água armazenada se espalhe, sem controle”, afirma o governo do Estado.
Para diminuir os níveis da represa Paiva Castro, a Sabesp disse que aumentou a retirada de água para a estação de tratamento do Guaraú. A companhia também afirmou que “mantém um plano de contingência junto à Coordenadoria Estadual de Defesa Civil para acompanhamento e controle dos níveis de segurança”.
Em 2016, o nível de água na represa Paiva Castro atingiu 745,50 metros, levando a operação de abertura das comportas e o despejo de 10 m3/s (metros cúbicos por segundo) de líquido no Rio Juquery. O mesmo método foi adotado nos anos de 1987, 2011 e 2015.