![](https://horadopovo.com.br/wp-content/uploads/2023/04/sao-pau.jpg)
Número de homicídios no primeiro trimestre do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) subiu exponencialmente. Levantamento da Secretaria de Segurança Pública (SSP) mostra que o Estado de São Paulo registrou 775 assassinatos nos três primeiros meses do ano.
Com uma vítima a cada três horas, o número de pessoas mortas violentamente aumentou 1,7% entre janeiro e março de 2023, comparado às 742 vítimas de 2022. O balanço, com os dados consolidados do primeiro trimestre, foi divulgado na terça-feira (25) pela secretaria.
Só em março, 256 pessoas foram assassinadas em São Paulo. Os números representam uma alta de 4% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando 246 foram vítimas de homicídio.
Os casos de feminicídio também disparam nos três primeiros meses do ano e bateram recorde, com 62 mortes – uma alta de 24% em relação ao mesmo período de 2022, que teve 50 ocorrências. A série histórica começou em 2018.
Na capital paulista, os homicídios dolosos contra mulheres caíram à mínima histórica de 119 casos, menos de um décimo das 1.375 ocorrências de 2001 — primeiro ano do monitoramento, mas os casos de estupro subiram, com 205 ocorrências. A alta representa 23,5% em relação ao ano passado. Ao todo, 882 ocorrências de estupro foram registradas no estado entre janeiro e março (aumento de 29,7%). Os números reverteram quedas aferidas entre 2021 e 2022.
Os furtos na capital subiram 15% comparados ao ano passado, com 61,2 mil ocorrências. O índice supera os registros de 2019, antes da pandemia. Já os roubos chegaram a 35.196 casos — alta de 3,8%, e também ultrapassam o período anterior à crise sanitária.
As apreensões de armas no estado, que vinham recuando desde 2019, voltaram a subir no primeiro trimestre deste ano, com 2.772 retiradas das ruas e subida de 6% em comparação ao ano passado.
Os roubos (3.870) e furtos (10.134) de veículos na capital paulista também subiram no período em relação ao ano passado. Os dois índices caíram entre 2019 e 2021, durante as fases mais restritivas da pandemia, mas voltaram a crescer no ano passado.
POLICIAIS DE FOLGA
Dos 775 assassinatos contabilizados em todo o estado, 75 deles envolveram PMs em serviço – o que representa um caso a mais em relação ao mesmo período de 2022. Já policiais de folga participaram de 29 ocorrências, contra 22 no ano anterior, tendência que puxa a alta da letalidade policial.
Já os homicídios decorrentes de intervenção da Polícia Civil nivelaram ao patamar de 2022, com 12 casos registrados entre janeiro e março. Na comparação entre os períodos, o número de pessoas mortas por policiais civis em serviço subiu de oito para nove, enquanto de folga recuou de quatro para três. A capital concentra as ocorrências.
ESCALADA
O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, tem relacionando o aumento da letalidade a uma “maior resposta das polícias”, resultando em um aumento de prisões. Com mais ações, haveria mais confrontos em São Paulo. Já os policiais de folga teriam sido vítimas de assalto.
O número de prisões efetuadas em São Paulo explodiu no primeiro trimestre de 2023 e seus efeitos já são sentidos nos presídios estaduais. A cada quatro unidades, três estão lotadas. Apesar do aumento de pessoas encarceradas, a incidência de crimes contra a vida e contra o patrimônio segue em alta.
A justificativa do secretário é questionada pelo Instituto Sou da Paz. “Parte da explicação oferecida pelas autoridades ao fenômeno é de que houve aumento de roubos contra policiais, o que geraria a reação e a morte. É preciso, no entanto, uma análise pública e pormenorizada sobre o fenômeno, quantas dessas mortes foram reação a assaltos, quantas foram originadas de outra forma?”, observa Carolina Ricardo, diretora-executiva da entidade.
O Sou da Paz alerta também para a concentração da letalidade na capital paulista. “Houve um aumento de 46,2% nas mortes cometidas por policiais em serviço na cidade de São Paulo. Ao todo, 60 pessoas foram mortas por policiais nos primeiros três meses na capital, um aumento de 36,3%”.
VIOLÊNCIA POLICIAL
A disparada do número de prisões também afeta a integridade dos presos. O Estado de São Paulo registrou 954 denúncias de maus-tratos ou tortura policial no primeiro trimestre de 2023. O número é o maior desde que se realiza o levantamento. Os dados são do monitoramento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre audiências de custódia em São Paulo.
Ao todo, 20,4 mil audiências foram realizadas no estado de janeiro a março deste ano – número que também é recorde. A legislação brasileira garante ao detido ser apresentado a um juiz em até 24 horas após efetuada a prisão.
Números de 2023 mostram que, a cada 22 pessoas detidas, uma afirmou ter sido alvo de tortura ou agressão policial. Comparado ao primeiro trimestre de 2020, período anterior à pandemia de Covid-19, as denúncias aumentaram 27%.