Enquanto Jair Bolsonaro (PL) ocupou a Presidência da República, dois quadros do artista baiano Rubem Valentim que fazem referência à cultura afro-brasileira e às religiões de matrizes africanas foram retirados do gabinete do ministro da Educação.
Quem deu falta dos quadros foi o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, que foi ao ministério pela primeira vez desde que chefiou a pasta para uma conversa com o atual ministro, Camilo Santana. As informações são da coluna Painel, da ‘Folha de S. Paulo’.
Segundo Mercadante, as obras ficavam no gabinete quando ele, como ministro, despachava de lá.
No encontro, Camilo e Mercadante falaram sobre instrumentos do BNDES para impulsionar a conectividade das escolas e estruturar projetos para ampliação do número de creches e escolas em tempo integral.
Os quadros foram localizados armazenados em uma sala da Secretaria Executiva da pasta. Eles serão restaurados e devem ser expostos novamente no gabinete, ou na galeria de ministros.
Durante o governo Bolsonaro, o MEC foi invadido por negacionistas, obscurantistas e evangélicos e usado para negociações de propina com pastores.
Além de corrupção religiosa, houve casos como o do ex-ministro Ricardo Vélez, que extinguiu a Secadi (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão), responsável por ações de diversidade, como direitos humanos e relações étnico-raciais.
RUBEM VALENTIM
Nascido em 1922 em Salvador, Rubem Valentim é conhecido como um dos principais nomes do construtivismo brasileiro. Buscou na ancestralidade africana e na cultura popular afro-brasileira as características que norteariam seu trabalho.
Autodidata na pintura, iniciou sua carreira na década de 1940. Apesar de sua graduação em Odontologia, dedicou-se integralmente à pintura a partir de 1948.
Também estudou jornalismo na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia e concluiu o curso em 1953. Em 1957 muda-se para o Rio de Janeiro, onde morou até 1963, trabalhando como professor assistente de Carlos Cavalcanti, que ministrava o curso de história da arte, no Instituto de Belas Artes. Entre 1966 e 1968, foi professor na Universidade de Brasília. Faleceu em 1991, em São Paulo. As obras foram doadas ao Ministério da Educação pela família do artista.