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“Se implementada, a anexação [de território palestino por parte de Israel] se constituiria na mais séria violação da lei internacional, danificar de forma grave a perspectiva da Solução dos Dois estados e cercear as possibilidades de renovação das negociações”, declarou o secretário-geral Antonio Guterres ao Conselho de Segurança da ONU, reunido na quarta-feira, 24, para debater as ameaças do premiê Netanyahu de anexar 1/3 da Cisjordânia palestina no dia 1º de julho.
“Conclamo Israel a abandonar os planos de anexação”, declarou.
Membros europeus (atuais e vindouros) do Conselho – Alemanha, Bélgica, França, Estônia, Irlanda, Inglaterra e Noruega – se juntaram para declarar que “a anexação não seria reconhecida por nós e teria consequências em nossas relações com Israel”.
Nikolay Mladenov, enviado da ONU para o Oriente Médio, alertou que a anexação “enviará uma única mensagem: negociações bilaterais não podem alcançar uma paz justa. Nada de bom pode surgir daí se isso acontecer. É preciso que se dê uma chance à diplomacia”.
“A anexação poderia alterar de forma dramática a dinâmica local, desencadeando uma instabilidade no seio do território palestino ocupado. Este conflito tem sido marcado por períodos de extrema violência, mas nunca antes o risco de sua escalada foi acompanhado de um horizonte político tão distante, uma situação econômica tão frágil e com relações regionais tão voláteis”, acrescentou Mladenov.
James Cleverly, que representa o Ministério das Relações Exteriores da Inglaterra para o Oriente Médio declarou, na sessão do Conselho de Segurança da ONU, que “esta anexação não pode ir adiante”.
Naquilo que só pode ser classificado como acesso de loucura, a embaixadora dos EUA na ONU, Kelly Craft disse que “a liderança palestina deve ser responsabilizada perante todos por seus atos”.
O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, cuja indicação como embaixador israelense no Brasil foi rejeitada pelo nosso governo por ter dirigido o bando de assaltantes de terras palestinas que se autodenominam colonos, conferiu ao crime que Netanyahu planeja cometer, em afronta a toda a comunidade internacional, ares bíblicos: “Há uma forte e inegável conexão entre o povo judeu e nossa pátria histórica da Judeia e Samaria”. Para ele uma mística “ligação de mais de 3.000 anos”, já para os palestinos que povoam a região desde o início da civilização e lá vivem até os dias de hoje, qualquer elo é pura “propaganda”.
Em afronta a todos os presentes, Danon acrescentou que aqueles que apoiam o anseio palestino por seu Estado são “meros compradores dos podres produtos que os palestinos vendem” e que isto e não o assalto às terras palestinas seria “a raiz do conflito”.
Na mesma linha o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse que a decisão sobre a anexação “cabe tão somente aos israelenses”.
MIL PARLAMENTARES EUROPEUS SE OPÕEM À ANEXAÇÃO
Também na quarta-feira, uma carta em oposição à anexação assinada por mais de 1.000 parlamentares europeus foi publicada.
“Tal ação [a anexação] será fatal para as perspectivas de paz entre Israel e Palestina e desafiará as normas mais básicas que guiam as relações internacionais”, diz a carta.
“Não há lugar para a aquisição de território pela força no ano de 2020”, acrescentam os parlamentares.