A Organização das Nações Unidas (ONU) cobrou investigação “célere e completa” por parte das autoridades brasileiras sobre a morte de Genivaldo de Jesus Santos.
Genivaldo, de 38 anos, que era deficiente, foi brutalmente assassinado em abordagem da Polícia Rodoviária Federal no interior de Sergipe, na última quarta-feira (25). O motivo da abordagem foi porque Genivaldo estava sem capacete.
A vítima foi colocada no porta-malas de uma viatura, onde policiais lançaram jatos de gás, matando Genivaldo por asfixia. O crime chocou o país e, no sábado (28), a Ordem dos Advogados do Brasil cobrou a imediata prisão cautelar dos três policiais envolvidos.
Investigações sobre o crime já foram iniciadas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal e, segundo a representação da ONU na América do Sul, é fundamental que a investigação vá até o fim, garantindo que os responsáveis sejam levados à Justiça e haja reparação aos familiares da vítima.
“A morte de Genivaldo, em si chocante, mais uma vez coloca em questão o respeito aos direitos humanos na atuação das polícias no Brasil”, disse o chefe de Direitos Humanos na América do Sul, Jan Jarab.
Segundo Jarab, “a violência policial desproporcionada não vai parar até as autoridades tomarem ações definitivas para combatê-la, como a perseguição e punição efetiva de qualquer violação de direitos humanos cometida por agentes estatais, para evitar a impunidade”.
Ele frisou ainda que “é urgente promover mudanças estruturais nas políticas e procedimentos policiais com base nos direitos humanos, bem como examinar se as leis, políticas e procedimentos fornecem diretrizes claras e restringem o uso da força pelos agentes da lei, conforme as normas internacionais”.
O representante da ONU lembrou que em 2020, quase 80% das vítimas de operações policiais no país eram afrodescendentes. “A letalidade policial contra populações negras no Brasil é extrema, mas tão comum que parece naturalizada”, disse.