Mais de uma centena de pessoas perderam a vida no último sábado (27) – Dia das Forças Armadas da Miamar – mas mãos das forças de repressão naquela que foi a “data mais sangrenta” desde a tomada do poder pela junta militar em primeiro de fevereiro. Desde então, os mortos na ex-Birmânia já superam os 400, sendo comuns os manifestantes receberem tiros “na cabeça e nas costas”.
Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram muitas vítimas feridas de balas e famílias enlutadas. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, se disse “profundamente comovido”.
“Palavras de condenação ou preocupação estão francamente soando vazias para o povo de Mianmar enquanto a junta militar comete assassinatos em massa contra eles”, disse o Relator Especial da ONU para os direitos humanos em Mianmar, Tom Andrews.
O morticínio contra civis, incluindo crianças, ocorreu quando os manifestantes desafiaram as advertências da ditadura e tomaram as ruas nos povoados e cidades.
“Estão nos matando como pássaros ou galinhas, inclusive nas nossas casas”, relatou Thu Ya Zaw, na cidade central de Myingyan, em entrevista à agência de notícias Reuters. “Mas apesar disso, seguiremos protestando. Devemos lutar até a queda da junta militar”, acrescentou.
Testemunhas e fontes também relataram à BBC sobre o assassinato de manifestantes nas cidades e vilas de Magway, Mogok, Kyaukpadaung e Mayangone.
Na segunda maior cidade do país, Mandalay, uma marcha fez tremular a bandeira da Liga Nacional para a Democracia (NLD), partido da líder civil Aung San Suu Kyi – vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 1991 e secretária-geral da Liga Nacional pela Democracia – que se encontra presa atualmente. Na cidade, uma multidão foi violentamente reprimida por ter feito sua tradicional saudação antiautoriária de três dedos e pelo menos 29 manifestantes foram abatidos, entre eles um menino de apenas 5 anos.
O general Min Aung Hlaing tomou o controle do país do sudeste asiático após a NLD ter vencido as eleições por no início do ano alegando fraude que teria beneficiado os governistas.