![](https://horadopovo.com.br/wp-content/uploads/2023/09/Rio-Madeira.jpg)
Com apoio do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), uma operação da Polícia Federal destruiu 302 balsas usadas pelo garimpo ilegal no rio Madeira, no estado do Amazonas.
Encerrada neste sábado (2), a ação se estendeu por 1.500 km do Madeira, passando por cinco municípios amazonenses com o objetivo de combater o garimpo ilegal na região. Os municípios-alvo da operação foram: Autazes, Nova Olinda do Norte, Borba, Novo.
O garimpo ilegal na região provoca danos ao meio ambiente e à saúde dos povos locais, com a contaminação do rio por mercúrio e cianeto. Segundo a PF, a ação garimpeira também interfere na cultura e costumes dos povos tradicionais, uma vez que áreas indígenas chegaram a ser invadidas pelos criminosos.
“A prática da atividade na região, além de causar danos ao meio ambiente e à saúde pública em virtude da contaminação do rio por mercúrio e cianeto, também interfere na cultura de povos tradicionais, uma vez que áreas indígenas chegaram a ser invadidas pelos criminosos”, informou, informou a PF em nota.
Durante a operação, apelidada de Draga Zero, em alusão às estruturas chamadas de dragas, usadas na extração do ouro e de outros minérios de dentro dos leitos dos rios, os agentes usaram imagens de satélite para identificar os locais com maior concentração de balsas usadas pelos criminosos. As ações se dividiram em seis pontos espalhados pela região.
O rio Madeira, afluente do Amazonas que liga a Porto Velho (RO), sempre foi alvo da ganância de garimpeiros ilegais em busca de ouro. É histórica, portanto, a invasão de dragas e outras parafernálias para revirar o fundo do rio em busca do metal precioso.
Em novembro de 2021, sob a promessa de regularização da atividade ilegal por parte do governo de Jair Bolsonaro, centenas de dragas avançaram sobre as águas do rio, entre os municípios de Autazes e Nova Olinda do Norte, a cerca de 120 quilômetros de Manaus, atraídos pela alta dos preços do metal, causando pavor nos moradores da comunidade do Rosarinho.
“Dessa forma, praticamente um bairro flutuante se instalou em frente à localidade. Rosarinho é o lugar onde moradores de Nova Olinda do Norte, Borba e Novo Aripuanã usam lanchas a jato para encurtar a viagem desde Manaus, pela BR-319”, relatou à época o portal “BNC Amazonas”.
As balsas utilizam longas mangueiras, que são lançadas até o leito do rio. Acionadas por geradores, elas sugam a terra e tudo o que encontram no fundo. O material revolvido é trazido até elas e passa por uma esteira, onde é filtrado e devolvido de volta à água. Nesse processo, o ouro fica retido na esteira.
“Enquanto o mundo está buscando um acordo para conter a crise climática, mais uma vez o Brasil manda um sinal trocado: centenas de balsas extraindo ouro ilegalmente nas imediações da maior cidade da Amazônia”, declarou na ocasião Danicley Aguiar, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace, que sobrevoou a área.
Estimulado pelo ex-presidente Bolsonaro que atuou para enfraquecer a fiscalização ambiental, o garimpo ilegal pôde agir ao arrepio da lei sem ser incomodado. O combate à essa prática na região amazônica é um dos compromissos do governo Lula. Ao tomar posse, ele instituiu, na estrutura da PF, uma diretoria específica de Amazônia e Meio Ambiente. Anunciada pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, a nova diretoria planeja dar resposta aos crimes ambientais na região e também combater o narcotráfico e a criminalidade de uma forma geral.