Trata-se de ação política preventiva, pois Bolsonaro mobiliza, por meio das redes sociais, para manifestações em 7 de setembro as hordas bolsonaristas contra o sistema eleitoral, as urnas eletrônicas, o presidente do TSE e membros do STF
Em evento comemorativo dos 20 anos da inauguração da sede da PGR (Procuradoria-Geral da República), em Brasília, o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) fez, na segunda-feira (15), apelo às autoridades presentes para a “preservação e garantia” da democracia.
“Ao Poder Legislativo, à Justiça Eleitoral, ao Poder Executivo, esse é sim um momento de uma grande mobilização em torno da preservação e da garantia da democracia brasileira”, disse Pacheco.
Em discurso, ao homenagear a fundação do prédio da PGR e o ex-procurador-geral da República Geraldo Brindeiro. Brindeiro esteve à frente da gestão do MPF (Ministério Público Federal) de 1995 até 2003, quando conduziu todo o processo de construção da sede da PGR.
A fala de Pacheco foi preventiva, pois todos sabem e estão acompanhando as movimentações do presidente Jair Bolsonaro (PL) para a realização de atos golpistas no 7 de setembro.
“DEFESA DA SOCIEDADE BRASILEIRA”
“Para honrar Geraldo Brindeiro para fazer valer esse belo prédio que celebra os seus 20 anos, mas sobretudo em defesa da sociedade brasileira e é ela que eu sei que é algo que orienta e que motiva cada membro do Ministério Público Federal”, destacou.
E completou: “Gostaria de enaltecer mais uma vez a figura e a memória de Geraldo Brindeiro, o Ministério Público Federal e ressaltar a absoluta confiança do Congresso Nacional nesta instituição”.
O apelo de Pacheco ocorre há exatamente 5 dias após a realização de atos em defesa da democracia ocorridos em todo o país, na última quarta-feira (11).
Os atos foram organizados após o presidente Jair Bolsonaro se reunir com embaixadores estrangeiros para lançar dúvida sobre as urnas eletrônicas e o processo eleitoral brasileiro.
7 DE SETEMBRO E ATAQUES AO STF
O apelo preventivo de Pacheco faz todo o sentido, pois o chefe do Poder Executivo e as redes bolsonaristas estão a convocar, freneticamente, atos antidemocráticos em defesa do que eles chamam de defesa da “liberdade de expressão”.
Nesses atos, convocados e liderados por Bolsonaro, foi dado o tom no ato de lançamento da recandidatura dele, no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, dia 24 de julho.
No evento, Bolsonaro discursou por 1 hora e 9 minutos. Pouco antes do fim, convocou os apoiadores para protestar “pela última vez” no próximo 7 de setembro.
“Nós somos maioria, nós somos do bem, nós temos liberdade para lutar pela nossa pátria. Convoco todos vocês agora, para que todo mundo, no 7 de setembro, vá às ruas pela última vez”, excitou os presentes ao ato.
DISCURSO MESSIÂNICO
Ovacionado pelo público presente e nas redes sociais, Bolsonaro fez pausa enquanto as caixas de som repetiam som grave intermitente, como espécie de trilha sonora.
O ato teve cunho, também, “religioso”, pois a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, ao falar, fez uma espécie de pregação, como se estivesse num culto protestante.
“Vamos às ruas pela última vez”, reforçou Bolsonaro, em discurso convocatório para 7 de setembro, contra o sistema eleitoral, as urnas eletrônicas, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que toma posse nesta terça-feira (16), Alexandre de Moraes, e membros do STF (Supremo Tribunal Federal).
“Esses poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo. Têm que entender que ‘quem’ faz as leis é o Poder Executivo e o Legislativo. Todos têm que jogar dentro das quatro linhas da Constituição. Interessa para todos nós. Não queremos o Brasil dominado por outra potência. E temos outras poucas potências de olho no Brasil”, afirmou.
Para variar, Bolsonaro errou ao dizer que o Poder Executivo “faz as leis”. A instituição que elabora as leis no País é o Poder Legislativo.
Ainda que o Executivo federal tenha iniciativas de lei, essas têm de passar, necessariamente, pelo Congresso Nacional — Câmara dos Deputados e Senado Federal.
M. V.