O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), afirmou que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), está correto em relação a planejar e marcar data para começar a vacinação contra a Covid-19 da população paulista e não ficar refém do governo federal.
“Vamos raciocinar: Doria não poderia ficar parado. Ele tem o dinheiro, tem o Butantan, tem uma parceria com a China, por qual motivo vai ficar parado esperando Bolsonaro?”, questionou o governador maranhense, lembrando que Bolsonaro desautorizou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que anunciou a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac. No dia seguinte ao anúncio de Pazuello para os governadores, Bolsonaro disse que não ia comprar a vacina.
Flávio Dino, em entrevista para Chico Alves, do UOL, revelou que propôs a Pazuello que produzisse a vacina da Pfizer. Mas o ministro da Saúde respondeu que o país “não tem onde fabricar” a vacina.
“Eu disse pra ele: ‘Por qual motivo não fabrica?’. Ele respondeu: ‘Não tem onde fabricar’. Eu disse: ‘Ministro, tem’. Tudo é uma questão de dinheiro, isso é mercado. Não sei qual é a política comercial da Pfizer, mas parece uma coisa meio óbvia: se a AstraZeneca tem interesse, por que a Pfizer não teria, num mercado desse tamanho?”, contou Dino.
Para o governador, o governo federal tem sido lento em relação às vacinas contra a COVID-19. Por isso, ele considera que, caso o governo Bolsonaro não apareça com uma definição nos próximos dias, “catalisadores externos” podem pressioná-lo ainda mais, como o Supremo Tribunal Federal (STF) e os próprios governadores.
“Se a vacinação avançar rapidamente em outros países cria uma situação insustentável para o Bolsonaro. Vai ficar dizendo: ‘Não, a AstraZeneca está chegando’. Mas que dia? Ninguém sabe”, prosseguiu Flávio Dino.
Na quinta-feira (10), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso emergencial de vacinas contra a COVID-19. A aprovação da agência é temporária e de caráter experimental.