O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, afirmou que os ataques contra a Organização Mundial da Saúde (OMS), que é a entidade ligada à ONU que coordena os esforços em nível internacional para a contenção do Covid-19, refletem o desejo de alguns países de justificar suas medidas tardias para combater o coronavírus.
“Não queremos que esta aspiração de unir esforços [contra a pandemia] seja politizada, vejo sinais de politização em ataques contra a OMS”, assinalou o chanceler russo em entrevista concedida à rede Pervi Kanal, no sábado 25 de abril.
“Estes ataques, em minha opinião, refletem o desejo de justificar certas ações que resultaram serem tardias, demasiado insuficientes”, disse. «Considero que a OMS cumpre sua função bastante bem, de acordo com seu estatuto, atuando como um organismo de gestão e coordenação no âmbito da atenção médica. Sim, não é perfeita. Ninguém é perfeito”, manifestou.
Nesse sentido, o ministro russo sublinhou que só é possível “combater a pandemia atuando juntos, apoiando-nos mutuamente e sobre a base da igualdade de todos os Estados”.
“Espero que, finalmente, prevaleça o entendimento de que só juntos podemos lutar contra tais ameaças que não reconhecem e ultrapassam as fronteiras entre os Estados”, enfatizou.
As declarações de Lavrov tinham destino certo. Com a pandemia de Covid-19 chegando a 2.834.134 contágios e quase 200 mil mortos no mundo, o presidente Donald Trump anunciou, no dia 14 de abril, que suspenderia o financiamento dos EUA à Organização Mundial da Saúde (OMS).
Enquanto países como a China, a Rússia e a pequena e corajosa Cuba prestam solidariedade a vários países assolados pela pandemia, o presidente do país mais rico do planeta manda cortar o financiamento à OMS.
O número de mortos por Covid-19 nos Estados Unidos chegou a mais de 50 mil na sexta-feira (24), segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins. O país é, hoje, o mais atingido pela pandemia de novo coronavírus, com mais de 906 mil casos confirmados.
De acordo com a contagem da Universidade Johns Hopkins, os EUA têm cerca de 32% dos casos de todo o mundo, e 26% dos óbitos.
A quantidade de mortes causadas pela doença no país se aproxima do número de baixas americanas nos dez anos da Guerra do Vietnã, é e 16 vezes mais alta que as mortes provocadas pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
“A pandemia está se propagando independentemente do continente, independentemente do clima, […] independentemente de se um país tem reservas monetárias de divisas ou armas nucleares”, observou o chefe da diplomacia russa.
Lavrov considerou que a línea da política da Rússia, que consiste na defensa da igualdade de todos os Estados, deveria ser assumida por todos os países nas condiciones da crise atual e outras futuras de natureza similar que poderão vir, já que “sem respeito pelo que chamamos ‘a diversidade cultural e civilizacional do mundo moderno’, sem respeito pelo direito dos países de determinar seu próprio destino e unir os esforços sobre esta base, e não sobre a base […] do domínio de alguém” não seria possível afrontá-las.