Em coluna para o seu blog, o jornalista Ricardo Noblat fez algumas considerações sobre a eleição municipal na maior cidade do país, que reproduzimos abaixo.
Noblat é um dos principais jornalistas brasileiros, com longa trajetória, que passa por órgãos como o Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Manchete, Veja, O Globo, IstoÉ, A Tarde e Correio Braziliense.
Entre 1991 e 1992 trabalhou em Angola, na campanha de José Eduardo dos Santos para presidente daquele país.
Em junho deste ano, o governo Bolsonaro determinou que a Polícia Federal investigasse Ricardo Noblat por ter publicado uma charge, de autoria de Renato Aroeira, em que Bolsonaro aparece transformando uma cruz vermelha em uma suástica e dizendo “bora invadir outro”. A charge se referia à convocação de Bolsonaro para que seus adeptos invadissem hospitais que atendem vítimas da pandemia de COVID-19.
“Não é de se estranhar que o governo reaja assim a tudo que o incomoda porque é claramente um governo autoritário e que aposta o tempo todo na ruptura democrática”, declarou Noblat. A lei em que o governo quer enquadrar Noblat é a Lei de Segurança Nacional, da época da ditadura militar.
Abaixo, a coluna do jornalista, sobre as eleições em São Paulo, publicada na última sexta-feira (20/11).
Bolsonaro torce para que Boulos derrote Covas
RICARDO NOBLAT
Naturalmente, ele não admitirá em público. Bateria de frente com seus seguidores, seria acusado de só pensar na própria reeleição e poderia prejudicar Guilherme Boulos (PSOL).
Mas Jair Bolsonaro concluiu que só terá a ganhar politicamente se Boulos derrotar Bruno Covas (PSDB). Ele escolheu o governador João Doria (PSDB) como seu maior inimigo em 2022.
Uma derrota de Covas enfraqueceria o projeto de Doria de disputar a próxima eleição presidencial. E a Doria, Bolsonaro atribuiria o fortalecimento da esquerda em São Paulo.
De resto, sem Lula no páreo como candidato do PT, Bolsonaro faria de Boulos e do PSOL o seu saco de pancada preferido, ignorando Doria. Para ele, polarizar a eleição com a esquerda é preciso.