O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, comunicou à CPI da Covid-19 que não vai estar presente à sua oitiva marcada para acontecer na quarta-feira (5).
Pazuello alegou que teve contato com dois coronéis, auxiliares seus, que estavam de Covid-19 e não queria contaminar o ambiente caso estivesse com o vírus.
O fato foi comunicado pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM).
Os senadores receberam a notícia com desconfiança.
Um deles cravou, fora do microfone, que o ato de Pazuello “é só para postergar”.
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) fez questão de comentar que Pazuello “vai sem máscara pro shopping e não pode vir na CPI”.
Integrante da CPI, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) também ironizou: “marca no shopping, senhor presidente, que ele vai sem máscara”.
Pazuello foi flagrado no dia 25 de abril, sem máscara, passeando por um shopping em Manaus. Questionado por que estava sem máscara, ele debochou dizendo: “pois é, tem que comprar. Onde compra isso?”.
Mas depois tentou escamotear dizendo, em nota, que o fato ocorrido “não foi proposital”. Segundo sua versão, como a máscara descartável teria ficado inutilizada, o ex-ministro pediu para entrar no shopping a fim de adquirir uma nova.
Omar Aziz foi enfático e respondeu que “não haverá subterfúgio comigo na presidência [da CPI]”.
“Eu espero 14 dias, mas ele vem aqui ser ouvido”, afirmou o presidente da CPI sobre depoimento de Pazuello.
Aziz frisou que o depoimento de Pazuello será presencial.
“Nós estamos com a maior boa vontade para resolver”, disse Aziz.
“Se o general [Eduardo] Pazuello se sente preocupado, e nós também estamos preocupados que ele venha para cá com coronavírus, não tem problema. A gente espera. A CPI vai demorar 90 dias”, observou o presidente da comissão.
“O que vai acontecer é que, como o ministro Pazuello falou em ‘pixuleco’, aí o Fábio [Wajngarten, ex-chefe da Secom] falou que o ministro era ‘incompetente’… vai só demorar uma pouco para tirarmos as conclusões. Só isso”.
A nova data para o depoimento de Pazuello ficou marcada para o dia 19 de maio.
Após sair do ministério, Pazuello atribuiu sua exoneração a interesses espúrios e que “lideranças políticas que temos hoje” teriam enviado uma relação pedindo “um pixuleco no final do ano” de 2020.
Internamente ele comentou que os responsáveis pelo seu desgaste à frente do ministério eram Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência, e Fábio Faria, atual ministro das Comunicações.
Em entrevista à revista Veja, Wajngarten acusou a equipe comandada por Eduardo Pazuello de “incompetência” e “ineficiência” na aquisição de vacinas contra o coronavírus.
No último fim de semana, Pazuello esteve reunido reservadamente dentro do Palácio do Planalto com assessores do governo federal. Fora da agenda pública, o encontro ocorreu no sábado e tinha como objetivo treinar o ex-ministro para participar da sessão na CPI.