Eles são considerados foragidos e seus nomes serão incluídos na lista de procurados da Interpol
A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (27), a “Operação Disclosure” contra o ex-CEO e ex-diretores da Americanas, investigando a fraude de R$ 25,3 bilhões. Além de fraude contábil, a corporação apontou os crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e manipulação de mercado.
A empresa é controlada pela 3G, que tem como donos os três homens mais ricos do Brasil, Carlos Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles.
Foram expedidos mandados de prisão contra o ex-CEO, Miguel Gutierrez, e uma ex-diretora, Anna Christina Ramos Saicali, mas ambos estão no exterior. Considerados foragidos, seus nomes serão incluídos na lista de procurados da Interpol.
Segundo a PF, foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão contra ex-executivos da Americanas. A 10ª Vara Federal Criminal, que autorizou as operações, determinou o bloqueio de mais de R$ 500 milhões entre os envolvidos.
A operação contou com 80 agentes da Polícia Federal, que anunciou ter apoio da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nas investigações.
As Lojas Americanas mentiram em relatórios sobre o aumento de caixa para conseguir aumentar suas ações na bolsa de valores. Os executivos da empresa recebiam bônus e conseguiam lucrar com a compra e venda de ações com base na manipulação.
Para isso, a empresa escondia que fazia financiamentos com bancos para pagar os fornecedores de seus produtos.
Além disso, a empresa mentiu sobre verbas de propaganda cooperada (VPC) que nunca existiram. Essas VCP são uma forma dos fornecedores incentivarem as empresas varejistas a comprarem seus produtos. “No presente caso eram contabilizadas VPCs que nunca existiram”, explicou a PF.
A Polícia Federal destacou haver “fortes indícios” de que os ex-diretores da Americanas também cometeram os crimes de associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Somadas as penas máximas, as condenações podem chegar a 26 anos de prisão.
Leia nota da PF sobre a operação:
Na manhã desta quinta-feira, 27/6, a Polícia Federal deflagrou, em conjunto com o Ministério Público Federal, a Operação Disclosure, que busca elucidar a participação dos ex-diretores da empresa Americanas em fraudes contábeis que, conforme Fato Relevante divulgado pela própria empresa, chegam ao montante de R$ 25,3 bilhões. A investigação contou ainda com o apoio técnico da Comissão de Valores Mobiliários – CVM.
Na ação de hoje, cerca de 80 policiais federais cumprem dois mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão nas residências dos ex-diretores das Americanas, localizadas no Rio de Janeiro.
Além disso, a Justiça Federal determinou o sequestro de bens e valores destes ex-diretores que somam mais de meio bilhão de reais.
Os mandados foram expedidos pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
Segundo as investigações, que contam com a colaboração da atual diretoria da empresa Americanas, os ex-diretores praticaram fraudes contábeis relacionadas a operações de risco sacado, que consiste em uma operação na qual a varejista consegue antecipar o pagamento a fornecedores por meio de empréstimo junto aos bancos.
Também foram identificadas fraudes envolvendo contratos de verba de propaganda cooperada (VPC), que consistem em incentivos comerciais que geralmente são utilizados no setor, mas no presente caso eram contabilizadas VPCs que nunca existiram.
A investigação revelou ainda fortes indícios da prática do crime de manipulação de mercado, uso de informação privilegiada, também conhecido como “insider trading”, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
A expressão “disclosure” é muito utilizada no mercado financeiro e significa o ato de fornecer informações para todos os interessados na situação de uma companhia, que pode ser traduzido como o ato de dar transparência à situação econômica da empresa.