A Polícia Federal deflagrou na sexta-feira (27) uma operação de busca e apreensão no DF, MG e SP, com a finalidade de investigar um grupo de apoiadores de Bolsonaro que lançaram fogos de artifício contra o prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), e faziam propaganda, em redes sociais, que pediam a intervenção militar e a prisão de ministros.
“Com o aprofundamento das análises, foi possível constatar a participação deles em diversos atos do tipo, inclusive com a arrecadação de fundos para financiar o movimento”, informou a PF.
A operação Estabilidade cumpriu três mandados de busca e apreensão em Brasília (DF), Uberlândia (MG) e Taboão da Serra (SP). De acordo com a PF, a investigação teve início após a publicação de um vídeo, realizado na frente do prédio do STF, por dois dos investigados, em redes sociais, em que eles pediam intervenção militar e afastamento e prisão de nove ministros do STF.
Pelas redes sociais, os alvos incitavam a “animosidade entre as Forças Armadas e as instituições civis”. “Com o aprofundamento das análises, foi possível constatar a participação deles em diversos atos do tipo, inclusive com a arrecadação de fundos para financiar o movimento”, disse a PF.
Um dos alvos desta operação é Renan Sena, apoiador do governo de Jair Bolsonaro e ex-funcionário terceirizado do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Sena foi preso em 14 de junho deste ano, após o presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, entrar com uma representação contra ele na Polícia Federal e na Procuradoria-Geral da República, “por ataques e ameaças à Instituição deste Supremo Tribunal Federal e ao Estado Democrático de Direito”. No entanto, Sena foi liberado após assinar um termo de comparecimento em juízo.
Na época, o delegado responsável pelo caso, Giancarlos Zualini, disse que Sena é suspeito de “narrar o vídeo” em que manifestantes lançam fogos contra o STF.
Em outro vídeo, que circulou nas redes sociais na época, Sena realizou ataques contra os presidentes da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), além do presidente do Supremo e do governador de Brasília, Ibaneis Rocha.
“Olha aqui presidente, o que estamos passando, com essa ditadura comunista, que tem cobertura daqueles bandidos lá do STF, esses vagabundos do Congresso Nacional”, afirmou Renan Sena.
Em 22 de junho, o governador Ibaneis Rocha também apresentou uma queixa-crime contra Sena. No documento apresentado à Justiça, o governador disse que o suspeito injuriou e difamou o chefe do Executivo local em um vídeo que circula nas redes sociais.
Em maio, o ex-funcionário do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos foi indiciado por injúria e agressão contra enfermeiras que realizavam um ato em memória às vítimas da Covid-19, no dia 1° de maio deste ano, em frente à Praça dos Três Poderes.
Em um vídeo que viralizou nas redes sociais, o elemento aparece xingando enfermeiras e agredindo uma das profissionais de saúde. “Vocês consomem o nosso fruto do suor, nós construímos essa nação”, disse Renan Sena.
A operação realizada na manhã de sexta-feira foi autorizada pela 15ª Vara Federal de Brasília.
O inquérito foi aberto com base nos crimes previstos na Lei de Segurança Nacional, como fazer, em público, propaganda de processos violentos ou ilegais para alteração da ordem política ou social e distribuição ou redistribuição de fundos destinados a realizar propagandas violentas. Por estes crimes, os investigados podem ser condenados de 1 a 4 anos de detenção ou reclusão.