Proibida pela Justiça, a peça foi retirada às pressas depois que as carreatas foram recebidas com ovos e panelaços
Jair Bolsonaro mandou dizer que a campanha “O Brasil não pode parar”, lançada esta semana pelo Planalto, nunca existiu. Ele mente com a maior desfaçatez, como se o país fosse habitado por pessoas cegas e surdas.
Todo mundo viu o vídeo, mas ele garantiu, através de nota, que a campanha da morte, com o slogan “O Brasil não pode parar”, chamando a população a ir se aglomerar nas ruas, foi uma “mentira divulgada por determinados veículos de comunicação”.
Assista ao vídeo apagado
O vídeo profissional mandava a população voltar ao trabalho. Ele fechava com a marca oficial do governo Bolsonaro: “Pátria Amada – Governo Federal”. Seu filho, Flávio, compartilhou a peça publicitária do governo em sua página no facebook.
Carreatas da morte foram convocadas por bolsonaristas empedernidos em várias cidades, depois que a campanha começou. Bolsonaro agora nega. Nada disso existiu. É tudo invenção da mídia para persegui-lo.
Um caminhão de som mandando a população sair para as ruas foi detido pela polícia em Guarulhos, na Grande São Paulo.
A Justiça proibiu a propaganda do governo e as carreatas foram recebidas com ovos e panelaços. A decisão é da juíza Laura Bastos Carvalho e foi dada na manhã de sábado no plantão judiciário.
No sábado, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) afirmou em nota que a notícia da campanha era uma mentira. “Trata-se de uma mentira, uma fake news divulgada por determinados veículos de comunicação”, diz a nota da Secom.
A Secom nega, mas deixou rastros.
Ela havia postado a peça publicitária em suas contas oficiais do Twitter e Instagram. Entre a noite de sexta-feira (27) e a manhã de sábado (28) o vídeo foi apagado pela Secom das duas contas. Depois de apagar, ela divulgou a nota negando “definitivamente” a existência de “qualquer campanha publicitária.
A Secom ainda tentou enrolar dizendo que vídeo que circulava desde a quinta-feira nas redes sociais não se tratava de nova campanha institucional do governo, mas foi “produzido em caráter experimental, portanto, a custo zero.
Segundo informações, a Secom pagou R$ 4,8 milhões pela campanha para a agência iComunicação, recém-contratada, sem licitação, para prestar serviços ao órgão por seis meses, a partir de abril, por conta do fim de contratos com a Isobar e a TV1.ads.