A Polícia Civil apreendeu 20 celulares de pessoas que estavam na casa da deputada federal e pastora Flordelis (PSD). Em um dos celulares, a polícia descobriu que o telefone do pastor Anderson do Carmo, marido de Flordelis foi usado horas depois de sua morte. O marido da parlamentar, foi assassinado no domingo (16), em Pendotiba, Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Mensagens com pedidos de orações e dizendo “infelizmente as notícias são verdades” foram passadas do celular de Anderson para um grupo de evangélicos no WhatsApp. No texto, a pessoa se identifica como um dos filhos do pastor.
Para o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), a pastora Flordelis e sua família não estão colaborando com as investigações.
“Se mata um ente querido, você quer saber quem matou esse ente e a forma de saber é colaborando com as investigações. Nós não estamos vendo isso por parte da família, infelizmente”, disse o promotor Sérgio Lopes Pereira, em entrevista ao Fantástico, da TV Globo Ele também reforçou, conforme já dito pela delegada responsável pelo caso, Bárbara Lomba, que todos que estavam na casa são suspeitos.
O advogado Fabiano Leitão Migueis, que representa a deputada, contrapôs as afirmações do MP. “Ela quer colaborar. Ela está ansiosa que esse resultado venha logo, que isso seja esclarecido. E ela foi clara para mim: doa a quem doer, mesmo que o responsável ou os responsáveis seja um ente querido dela”, disse.
Ângelo Máximo, advogado que representa a família do pastor assassinado, disse estranhar o fato dos filhos da deputada não quererem ajudar nas investigações.
“Por exemplo, na questão dos celulares. A família não entregou os aparelhos do Anderson ou do Flávio dos Santos”, disse Ângelo Máximo. Indagado pela reportagem se teve a oportunidade de perguntar aos familiares que conviviam com o pastor sobre o aparelho ele disse que “obteve a resposta, mas somente iria relatar no processo”.
A polícia já sabe que o celular do pastor Anderson foi entregue à deputada Flordelis e depois passou pelas mãos de vários filhos, até desaparecer.
Na segunda-feira (24), Flordelis prestou o segundo depoimento à polícia, por mais de 8 horas. A polícia afirma que todos os moradores da casa da deputada e pessoas que tinham relação com o pastor Anderson do Carmo serão investigados. Isso inclui a deputada Flordelis, mas os advogados da família disseram desconhecer as suspeitas.
Além da deputada, mais 24 pessoas que vivem, ou freqüentam, a casa onde o pastor foi assassinado prestaram depoimento na segunda-feira. Na terça-feira (25), a polícia pode ouvir novamente algumas delas. Os investigadores querem tentar esclarecer contradições.
Na semana passada a polícia afirmou que durante depoimento, um dos 55 filhos do casal, Flavio dos Santos, de 38 anos, confessou ter atirado seis vezes no padrasto, mas os legistas disseram que havia mais de 30 ferimentos no corpo do pastor.
“A execução do crime está atribuída ao Flávio por ele. Ele próprio está se atribuindo a execução, mas isso não está totalmente esclarecido. E o Lucas auxiliando”, disse a delegada Bárbara Lomba.
CONFISSÃO
Também na segunda-feira (24), o advogado de Flávio dos Santos disse que seu cliente não confessou o crime e que ele não foi ouvido na presença de um advogado. E diz que cogita pedir a anulação do depoimento dele. “A autoridade diz que houve confissão, mas ele diz para mim que não confessou”, afirmou o advogado Anderson Rolemberg.
Flávio e o irmão Lucas, que tem 18 anos, estão presos temporariamente. Segundo as investigações, Lucas comprou a arma usada no crime, mas ele nega.
Lucas disse a polícia ter indicado onde o irmão, Flávio, deveria comprar a arma. Os policiais encontraram a pistola, que teria sido comprada dois dias antes do crime, no quarto de Flávio.
A polícia já sabe que Flávio dos Santos, filho da parlamentar, fez um curso de disparos com pistola em um clube de tiro. Além disso, ele tentou tirar a licença para comprar arma como colecionador, mas teve o pedido negado pelo Exército.
O Exército confirmou a informação de que Flávio tentou obter um Certificado de Registro do Exército, para adquirir uma arma de fogo como colecionador. O requerimento foi feito em outubro do ano passado, mas foi negado.
No fim de semana, a deputada afirmou, pelas redes sociais, que não quer acreditar que os filhos sejam os autores do crime porque eles confessaram. Sobre o sumiço dos celulares de Anderson do Carmo e Flávio dos Santos, a deputada disse que ficará aliviada quando encontrarem e que é muito cruel imaginar que ela teria frieza para esconder provas de um crime que ela precisa que seja esclarecido logo.
A mãe e a irmã do pastor também decidiram contratar um advogado para acompanhar a investigação.
“Tudo indica que seja uma motivação relativa a problemas ali, familiares, que envolvem pessoas da família. O que eu quero dizer com isso é que não parece que a investigação está esgotada nessas duas pessoas”, afirma a delegada Bárbara Lomba.