A Polícia Civil do Rio de Janeiro indiciou nesta segunda-feira, 3, Monique Medeiros e o vereador Dr. Jairinho (sem partido) pela morte do menino Henry Borel, de 4 anos. A polícia também pediu a prisão temporária do casal. O inquérito será enviado ao Ministério Público do Rio (MP-RJ).
Monique, mãe de Henry, e Jairinho foram indiciados pelo crime de homicídio duplamente qualificado — com emprego de tortura e recursos que dificultaram a defesa da vítima.
O casal está preso desde 8 de abril para não atrapalhar as investigações.
De acordo com as investigações, Jairinho dava bandas, chutes e pancadas na cabeça do menino. O vereador, Monique e a babá de Henry teriam mentido quando disseram que a relação da família era harmoniosa.
Já na prisão, Monique e Jairinho, que eram defendidos por André Barreto, contrataram novos advogados.
Com o inquérito finalizado, Monique perde a chance de ser ouvida pela segunda vez, como havia sido solicitado pela defesa dela. Os advogados Thiago Minagé, Hugo Novaes e Thaise Mattar insistiram durante dias para que Monique pudesse dar uma nova versão dos fatos. Em uma tentativa de chamar a atenção das autoridades, Monique Medeiros chegou a escrever uma carta de 29 páginas relatando uma nova história.
Na ocasião, a defesa de Leniel Borel, pai de Henry, desqualificou a carta escrita pela mãe. O advogado do pai do menino Henry Borel, Leonardo Barreto, disse que carta escrita por Monique Medeiros é composta por vários pontos mentirosos e que o conteúdo não traz nenhum fato novo ao inquérito, apenas uma tentativa da defesa de Monique de conseguir um novo depoimento. De acordo com a defesa de Leniel Borel, a mãe do menino estaria “pegando carona” no depoimento das ex-namoradas de Dr. Jairinho.
Além do homicídio, Dr Jairinho responderá também por dois crimes de torturas – ambas em fevereiro e Monique por tortura por omissão no dia 12 de fevereiro, quando, segundo as investigações soube que o menino estava sendo torturado enquanto estava em um salão de beleza. Na ocasião, apesar de ter sido informada pela babá por mensagens, Monique levou quase três horas para voltar para casa de um shopping que fica a 5 minutos de carro do condomínio onde o menino e Jairinho estavam.
O inquérito foi enviado pelo delegado Henrique Damasceno para o Ministério Público. Agora o promotor Marcos Kac decidirá se denuncia o casal pelos mesmos crimes ou não. Nesta terça (4), a Polícia dará uma entrevista coletiva sobre a conclusão do inquérito.
“Um homem ruim, doente e psicopata”
Ontem, o programa “Fantástico”, da TV Globo, revelou novas cartas escritas por Monique Medeiros. Ela conta que o vereador Dr. Jairinho “é um homem ruim, doente e psicopata”.
As cartas mostram uma versão diferente do depoimento que Monique prestou à polícia dias após a morte do filho, em 8 de março.
Em um dos trechos, Monique narra os dias após à morte de Henry. “Depois que comecei a transcrever para o papel tudo o que ele fez comigo, em tão pouco tempo, que pude perceber o quanto fui usada, o quanto fui violentada, o quanto me humilhei e me rebaixei para fazer dar certo sobre um relacionamento de um psicopata”, diz um trecho da carta que escreveu na cadeia para os pais.
“Hoje, sozinha, tendo vocês e ouvindo mais os detalhes de Deus em minha vida, vejo o quanto tinha um relacionamento doentio. Não sei se um algum dia vou conseguir superar tudo isso.”
Monique também contou detalhes da vida íntima com Jairinho, afirmando que ele era viciado em sexo.
O casal negou envolvimento no crime e alegou acidente doméstico. Mas laudos revelaram que o menino morreu por agressões que causaram 23 lesões.
Na sexta, 30, a polícia indiciou Jairinho pelo crime de tortura em outra investigação, que apurava agressões contra a filha de Natasha de Oliveira Machado, ex-namorada do político carioca. Hoje, a menina tem 13 anos.
Comissão de Justiça da Câmara de Vereadores aceita denúncia contra Jairinho
A Comissão de Justiça e Redação da Câmara Municipal do Rio aceitou, nesta segunda-feira (3), a denúncia contra o Dr. Jairinho, que pede a cassação do mandato do parlamentar.
O processo foi aprovado por unanimidade, com três votos, pelos vereadores Alexandre Isquierdo (DEM), Dr. Gilberto (PTC) e Inaldo Silva (Republicanos). O pedido foi formulado pelo próprio Conselho de Ética na última segunda-feira (26), e tem por base a investigação conduzida pela Polícia Civil.
O processo retorna agora ao Conselho de Ética que irá sortear o relator do caso. Em seguida, o relator deve notificar a defesa de Dr. Jairinho, que terá 10 dias para apresentar uma defesa prévia. Neste período, o Conselho de Ética tem 30 dias para fase de instrução — com análise de provas e depoimentos de testemunhas – podendo ser prorrogada por 15 dias.
Num próximo passo o relator dá parecer em até cinco dias para arquivar ou não a representação e é submetido ao voto do Conselho de Ética em até 5 dias. Para ser aprovado é preciso a maioria absoluta do voto dos integrantes. Em caso de parecer favorável à denúncia, o processo é encaminhado à Mesa Diretora e incluído na Ordem do Dia e a perda de mandato é votada no plenário, em votação aberta, necessitando de votos de dois terços dos vereadores para a perda do mandato. O processo deve ser concluído até julho.