Um homem suspeito de envolvimento no desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips foi preso pela Polícia Militar, no Amazonas.
Segundo a Polícia Civil, o homem se chama Amarildo da Costa de Oliveira, de alcunha “Pelado”, e tem 41 anos. Ele foi preso em flagrante, na terça-feira (7) por posse de munição de uso restrito e permitido. Com ele, foram apreendidos chumbinhos.
Policiais militares, responsáveis pela prisão de Pelado, afirmaram ao jornal O Globo que a lancha do investigado foi vista por testemunhas perseguindo o barco do de Bruno Pereira e Dom Philips, depois deles deixarem a comunidade Ribeirinha São Rafael.
De acordo com as investigações, ele estaria acompanhado de mais quatro suspeitos que estão sendo procurados pela Polícia Militar do Amazonas.
Testemunhas afirmaram aos policiais que o barco do suspeito, apreendido pelos investigadores, passou em alta velocidade atrás da embarcação em que Bruno Pereira e Dom Philips estavam. Segundo informações, o indigenista tinha uma visita agendada com o líder comunitário da região apelidado de “Churrasco”, tio de Amarildo da Costa de Oliveira. A reunião tinha como objetivo tratar do trabalho conjunto entre os ribeirinhos e indígenas na vigilância do território.
Churrasco foi detido na segunda-feira (6) para prestar esclarecimentos à polícia na condição de testemunha e foi liberado em seguida.
Segundo o delegado titular da 50ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP), Alex Perez, Amarildo nega todos os fatos. “A única situação que ele acompanhou foi quando a embarcação que Bruno e Dom Philips estavam conduzindo passou em frente a sua comunidade. [Ele fez] contato visual apenas”, afirma o investigador.
A PM fez buscas na residência de Amarildo em função de denúncias anônimas sobre uma suposta participação no desaparecimento. “Chegando na residência dele, encontraram munição de uso restrito, além de chumbinhos e uma substância entorpecente”, relata.
Em nota, a polícia diz que, sobre o suposto envolvimento do homem com o desaparecimento, “as equipes de investigação irão apurar se a informação procede”.
O delegado diz ainda que vão ouvir “mais duas ou três pessoas” ainda nesta quarta-feira (8). De acordo com Perez, a Polícia Civil do Amazonas instaurou um inquérito policial para investigar o caso.
Até a noite da última terça, cinco pessoas foram ouvidas pelas autoridades policiais, sendo quatro como testemunhas e uma na condição de suspeito.
A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) ainda não divulgou os nomes das pessoas ouvidas.
EMBOSCADA
Uma fonte indígena citada pela agência de notícias Amazônia Real afirma que o Dom Phillips e Bruno Araújo Pereira foram vítimas de uma emboscada. Os indígenas da região, segundo a fonte, alertaram sobre os riscos de Bruno e Dom seguirem sozinhos pelo rio Itacoaí após terem cruzado com um grupo armado em uma embarcação no rio Itacoaí, no Vale do Javari, em Atalaia do Norte, no Estado do Amazonas, na fronteira com o Peru
A testemunha faz parte de uma equipe de 13 vigilantes indígenas que circulava com o jornalista e o indigenista pela região do Vale do Javari desde o dia 3 de junho. Logo após a notícia do desaparecimento dos dois, no domingo (5), o grupo iniciou as buscas, mas sem sucesso. Os indígenas, segundo a fonte, alertaram sobre os riscos de Bruno e Dom seguirem sozinhos pelo rio Itacoaí.
Dom Phillips, colaborador do jornal inglês The Guardian, e o indigenista Bruno Pereira, que é servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), foram visitar com a equipe de Vigilância da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) na localidade Lago do Jaburu, que fica a 15 minutos da comunidade de São Rafael. O lago também está nas proximidades da Base de Vigilância da Funai no rio Ituí, uma das quatro existentes na Terra Indígena Vale do Javari, que tem 8,5 milhões de hectares.
De acordo com o relato da testemunha, por volta das 4 horas do domingo (5), o indigenista e o jornalista avisaram que iriam conversar com o ribeirinho “Churrasco”, presidente da comunidade São Rafael. Dias antes, eles já haviam cruzado com um outro grupo em uma embarcação de 60HP, considerada incomum para navegar em cursos d’água (furos e igarapés) mais estreitos. Este grupo que cruzou com os indígenas fez questão de mostrar que estava armado e fez intimidações.