O dirigente da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Pedro Lúcio Góis, denunciou, em entrevista ao portal da Central, que o “impacto das políticas de desmonte” que a Petrobrás vem sofrendo nos últimos seis anos e intensificado por Bolsonaro é “devastador”.
“Em 2016, o governo federal mudou a perspectiva da Petrobrás de empresa nacional estatal, para a perspectiva de uma empresa voltada para o rendimento e o mercado de ações. Até então, nós tínhamos uma política voltada para garantir o abastecimento de derivados de petróleo – gasolina, diesel – a preços justos”, disse, alertando para o risco de desabastecimento de diesel no país.
Ele cita também a privatização das refinarias como impacto negativo, que faz com que o país fique refém da importação. “A questão é que petróleo por si só não abastece nada, precisa ser refinado. E o Brasil perdeu grande parte de sua capacidade de refino”.
“O número de importadores no Brasil cresceu 88% nos últimos anos, quase dobrou de 2016 a 2021. Isso porque o governo federal decidiu tirar a Petrobrás desse processo de abastecer o mercado nacional, e delegou isso para iniciativa privada, que não tem capacidade de investimento para construir grandes refinarias. Então a solução que eles encontram é pegar petróleo refinado na Índia, China, Singapura, e trazer para cá. Isso gera outro problema: no segundo semestre de 2022 o mundo vai passar por desabastecimento de óleo diesel, em decorrência do baixo nível de estoque mundial. O Brasil vai sofrer com isso por culpa dessas políticas equivocadas que foram aplicadas na Petrobrás”, afirma o sindicalista.
Segundo Pedro Lúcio, além de fatiar a empresa e desmontar sua capacidade de refino e produção, o governo Bolsonaro também ataca a base de trabalhadores.
“Dentro da perspectiva de privatização da estatal, a Petrobras já reduziu muito seu quadro de trabalhadores: desempregou mais de 290 mil terceirizados, e desligou mais de 40 mil trabalhadores concursados. Além disso, tem realizado desmontes nos nossos direitos, que é o caso agora do nosso plano de saúde e Previdência”.
“Para nós petroleiros, e para o Brasil como um todo, é importante que a Petrobrás retome seu papel de garantidora dos interesses nacionais. Essa crise revela ainda mais o papel das indústrias nacionais”.