Presidente estava desnorteado, chamou os brasileiros de maricas, falou em usar pólvora no lugar de saliva e acabou se atirando no colo de seu “guru” Donald Trump
Jair Bolsonaro estava particularmente abestalhado na terça-feira (11). Ele amanheceu o dia comemorando a morte de um participante dos testes da CoronaVac, a vacina feita pelo Butantan em parceria com a empresa chinesa Sinovac.
Achou que com isso estaria “derrotando” o governador paulista, João Dória, do PSDB. Disse que a morte do participante dos testes era uma vitória sua.
Depois soube-se que era um caso de suicídio e que a decisão do órgão federal de controle de vacinas de paralisar os testes com a CoronaVac tinha sido um total absurdo.
Segundo Eduardo Costa, pesquisador da Fiocruz, a decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) foi tomada exclusivamente para atender aos interesses políticos de Bolsonaro.
Em seguida o presidente atacou o país inteiro. Disse que era um “país de maricas”. Isso porque, segundo ele, “só se fala em pandemia”. “Tudo agora é pandemia, tem que acabar com esse negócio. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas”, reclamou o presidente.
Ou seja, estão morrendo 300 a 400 pessoas por dia no país, já são mais de 163 mil famílias enlutadas nos últimos meses e foi desta maneira, desrespeitosa e arrogante, que ele tratou o problema. Ao invés de apontar as medidas que devem ser tomadas para se enfrentar a crise e se preparar para a segunda onda da pandemia do vírus que se avizinha, Bolsonaro queria mudar de assunto.
Para espanto, inclusive, de auxiliares mais próximos do Planalto, ele prosseguiu na baixaria como se estivesse em transe.
Disse que os jornalistas eram “urubus” que viram um prato feito no que ele acabara de dizer. “Prato cheio para a urubuzada que está ali atrás. Temos que enfrentar (de) peito aberto, lutar. Que geração é essa nossa? A geração minha, do Milton (Ribeiro, ministro da Educação), (é) diferente, 60 anos de idade. A geração hoje em dia é toddynho, nutella, zap. É uma realidade”, disse Bolsonaro, durante evento no Palácio do Planalto.
No lugar de orientar a população a se proteger, a usar máscara, a fazer higiene adequada das mãos, a manter o distanciamento seguro entre as pessoas, Bolsonaro mostrou que seu objetivo é jogar a população no colo do coronavírus. De preferência, “de peito aberto”.
“Essa atitude Bolsonaro está mostrando que ele está cada vez mais ao lado do vírus”, disseram os dirigentes do PSDB, em nota, ao comentar as estultices do chefe do governo.
Bolsonaro disse tudo isso depois de atacar, sem nenhuma prova ou qualquer dado científico, a vacina contra a Covid-19 que está em teste no Brasil. Na rede social, Bolsonaro escreveu: “Morte, invalidez, anomalia. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la”.
No decorrer da solenidade começou a ficar mais claro o que estava levando Bolsonaro a ficar tão descontrolado e a falar tanta besteira de uma só vez.
Ele não engoliu até agora a surra que vai tomar nas eleições de domingo próximo, como também não engoliu a derrota de seu guru, Donald Trump, nas eleições norte-americanas.
Se dirigiu ao vencedor da eleição dos EUA, Joe Biden, como “aquele candidato”, que disse que ele [Bolsonaro] teria que colocar um fim nas queimadas da Amazônia. “E como é que podemos fazer frente a tudo isso? Apenas a diplomacia não dá, não é, Ernesto [Araújo, ministro das Relações Exteriores]? Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora, senão, não funciona. Não precisa nem usar pólvora, mas tem que saber que tem. Esse é o mundo. Ninguém tem o que nós temos”, declarou Bolsonaro.
Alguns entenderam, erradamente, que Bolsonaro estaria ameaçando ou declarando uma suposta guerra aos Estados Unidos em defesa dos interesses do Brasil – o que seria algo inusitado para um capacho e serviçal dos americanos como ele.
Tudo balela. Não era nada disso. O que ocorre é que ele é tão servil que, além de ser um dos poucos chefes de Estado a não cumprimentar o vencedor do pleito, declarou guerra a Joe Biden em apoio ao lunático Donald Trump que teima em não sair da Casa Branca, mesmo tendo perdido as eleições.
A guerra de Bolsonaro é contra o Biden porque ele quer continuar sendo servil e puxa-saco de Trump.
Outro fato que vai atrapalhar muito os seus planos de guerrear a favor de Trump, é que a pólvora foi uma descoberta feita pelos chineses. Ele terá que procurar outra alternativa já que, como segue tudo o que Trump manda, não poderá usar uma tecnologia desenvolvida por um país comunista.
Foi por isso que Bolsonaro acabou de banir a tecnologia 5G do Brasil. A mando do governo americano, ele e o idiota do Ernesto Araújo assinaram na terça-feira (10) um documento de autoria dos americanos, elaborado junto com o Japão, onde os países signatários abrem mão da tecnologia da Huawei, tecnologia que já está amplamente implantada no Brasil.
O argumento para que o Brasil abra mão desta que é uma tecnologia de ponta nas comunicações é que ela foi desenvolvida pelo Partido Comunista da China.
Essa decisão submissa e pouco inteligente de Bolsonaro terá como consequência um atraso na implantação da tecnologia 5G no Brasil e o seu encarecimento, já que boa parte da infraestrutura de internet 5G no Brasil foi obtida junto à Huawei. Pela lógica, Bolsonaro terá que procurar também um substituto para a pólvora.