Construtoras que atuam no programa Minha Casa, Minha Vida avisaram ao governo Bolsonaro que poderão demitir 50 mil trabalhadores nos próximos 10 dias, caso o Palácio do Planalto não realize o pagamento de cerca de 450 milhões, corresponde ao cronograma de repasses do programa habitacional que está em atraso.
O recado das construtoras ao governo foi dado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Segundo o presidente da CBIC, José Carlos Martins, mensagens foram enviadas aos ministros da Casa Civil, do Desenvolvimento Regional e da Economia informando que o setor “não consegue mais segurar o pessoal”, segundo reportagem da Folha.
O programa representa dois terços do mercado imobiliário brasileiro, segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
O Orçamento da União prevê R$ 4,8 bilhões para o Minha Casa, Minha Vida neste ano, sendo R$ 3,9 bilhões para pagar obras já contratadas na faixa 1 (financiamento de moradias para famílias de baixa renda) e R$ 900 milhões em subsídios para as outras faixas.
Desde o início deste ano os repasses ao programa estão travados por restrições orçamentárias impostas por um decreto do governo que limitou as despesas mensais de janeiro a março a 1/18 do total previsto na lei orçamentária de 2019.
Questionado, o Ministério do Desenvolvimento Regional respondeu que não houve aviso formal de demissões, mas reconheceu que “tem recebido reclamações de pagamentos abaixo do necessário”. A pasta também alega em nota, que o governo “liberou R$ 732 milhões para o programa”.
No final do mês passado, R$ 2,9 bilhões do orçamento da pasta foram bloqueados, por conta do contingenciamento realizado pelo governo de R$ 29 bilhões no Orçamento de 2019.