Especialistas da USP defendem a imunização das crianças para o país caminhar ao final da pandemia
Especialistas destacam a importância da vacinação de crianças contra a Covid-19, após decisão da Anvisa que autorizou a imunização da faixa etária de 5 a 11 anos com os imunizantes da Pfizer.
O médico Gonzalo Vecina, da Faculdade de Saúde Pública da USP, criticou as declarações de Bolsonaro contra a vacinação de crianças. Segundo ele, “esse sujeito, o presidente da República, junto com seu ministro da Saúde, que é um médico, está patrocinando essa mortandade. Uma criança morta é inaceitável”.
“Espero que o governo seja capaz de colocar essas vacinas à disposição para que elas sejam utilizadas pelos nossos filhos”, comenta. “O fundamental, se a gente quer caminhar para o final dessa pandemia, é a vacinação”, defendeu o médico sanitarista.
Vecina, que também é fundador e ex-presidente da Anvisa, criticou a fala de Bolsonaro de que é “inacreditável” a liberação de vacina contra o novo coronavírus para crianças no país. “O que ele falou é inacreditável. Os Estados Unidos, a União Europeia, a Inglaterra, Austrália, esses países todos e muitos outros já aprovaram a vacina da Pfizer para crianças. O país vai ser de novo o único a não aprovar a vacina da Pfizer? É inexplicável”, disse.
“É fundamental proteger as crianças. Estamos sendo cerceados no nosso interesse de proteger a saúde das crianças e da comunidade. E esse sujeito, o presidente da República, junto com seu ministro da Saúde, que é um médico, está patrocinando essa mortandade. Uma criança morta é inaceitável”, denunciou.
MORTALIDADE NÃO PODE SER DESPREZADA
Paulo Lotufo, professor da Faculdade de Medicina da USP, defende que a medida é importante quando se considera o índice de mortalidade pela doença entre essa população. “Quando você vê todas as doenças que afetam as crianças, a incidência da Covid-19 é alta e tem uma mortalidade que não pode ser desprezada”, afirma.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, na semana passada, o uso da vacina da Pfizer contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos de idade no Brasil. A decisão é resultado de uma avaliação técnica do pedido submetido pela fabricante em novembro.
Apesar da aprovação, o Ministério da Saúde ainda não definiu um prazo para incluir a vacinação dessa faixa etária no PNI (Programa Nacional de Imunizações). No sábado (18), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que a decisão sobre a vacinação de crianças só será anunciada em janeiro.
Gonzalo Vecina reforça o papel da vacinação da população pediátrica para evitar a transmissão do vírus. “Crianças são vetores do vírus na família e para outras pessoas que estão em casa”, explica. “Protegendo a criança, nós estaremos protegendo a sociedade”, acrescenta.
“Só a Covid-19 nessa população [crianças e adolescentes] em especial mata mais do que todas as doenças do calendário infantil somadas anualmente”, advertiu Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).