Sob acusação de envolvimento em financiamento irregular de campanha, duas pessoas ligadas ao advogado pessoal de Trump, Rudolph Giuliani, foram presas na quinta-feira nos EUA, Lev Parnas e Igor Fruman.
Os dois haviam sido anteriormente intimados a depor sobre outra questão – a do processo de impeachment de Trump – por supostamente terem ajudado Giuliani na investigação sobre a corrupção do então vice-presidente Joe Biden na Ucrânia e que agora é o mais forte pré-candidato democrata para 2020.
Segundo a Reuters, os promotores acusam Parnas e Fruman de canalizarem ilegalmente dinheiro para um comitê eleitoral pró-Trump e outros candidatos nos EUA. O processo de impeachment em fase preliminar na Câmara tem como móvel a acusação, feita por um agente da CIA, de que ouviu relatos de outros agentes, de que Trump telefonou ao novo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky para que investigasse corrupção de Biden (e do filho), sob ameaça de reter ajuda militar norte-americana de quase US$ 400 milhões.
Ainda de acordo com os promotores, Parnas e Fruman conspiraram para contribuir com dinheiro estrangeiro, incluindo pelo menos US $ 1 milhão de um empresário russo não identificado a candidatos a cargos federais e estaduais “para comprar influência”.
Separadamente, foi doado US $ 325.000 para um comitê de ação política pró-Trump chamado America First Action em maio de 2018, e o dinheiro foi falsamente reportado como proveniente de uma suposta empresa de gás natural criada para ocultar sua verdadeira fonte, de acordo com a acusação.
Apesar de terem cidadania norte-americana, Parnas nasceu na Ucrânia e Fruman, na Bielorrúsia. Eles foram presos no aeroporto nos arredores de Washington, quando se preparavam para embarcar com destino a Viena. A Reuters mostrou uma foto de Giuliani tomando café, em 20 de setembro, com Parnas em um hotel de Trump em Washington.
Ainda segundo a Reuters, os promotores identificaram outros dois implicados no esquema, Andrey Kukushkin e David Correa, e as doações ilegais beneficiariam candidatos em Nevada, Nova Iorque e outros estados. Asseveraram também os promotores que, em troca, os políticos deveriam beneficiar um empreendimento no ramo de canabis financiado pelo empresário russo não identificado. John Dowd, advogado de Parnas e Fruman, se recusou a comentar as acusações.
O denunciante da suposta extorsão de Trump por telefone a Zelensky asseverou que Giuliani é “uma figura central nesse esforço” e que o procurador-geral [William Barr] “parece envolvido também”. No dia 2 de agosto, Giuliani foi a Madri, na Espanha, para se reunir, sobre o desenrolar do caso, com o conselheiro de Zelensky, Andriy Yermak.
No telefonema de julho, Trump citou que Biden se gabou – em vídeo que está nas redes – de ter arrancado a demissão do procurador-geral Viktor Shokin, que investigava a corrupção na empresa de gás de que seu filho Hunter se tornara diretor, após ameaçar vetar empréstimo de US$ 1 bilhão dos EUA à Ucrânia.
Shokin diz que foi demitido por ordem de Biden e que a embaixadora dos EUA lhe deu uma lista de quem não podia ser investigado por corrupção. Esta semana, a Casa Branca se recusou a colaborar com as informações pedidas pelos comitês da Câmara que analisam o impeachment, e recebeu da presidente da Casa, Nancy Pelosi, a resposta de que “não está acima da lei e terá que prestar contas”.
A.P.