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Moradores de bairros abastecidos pela Represa Guarapiranga, na Zona Sul da cidade de São Paulo, têm ficado vários dias sem água e, quando o abastecimento é retomado, a água vem com uma cor mais escura. A situação estaria ocorrendo nas regiões de Santo Amaro, Taboão da Serra, Capão Redondo, Interlagos, Cidade Dutra, Vila São José, Cidade Ademar e Grajaú. Em alguns endereços, o problema teria começado em dezembro.
Segundo relatos, a água sai amarelada, esverdeada ou marrom. O odor seria similar ao de enxofre.
Responsável pela distribuição na cidade, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) afirmou que a alteração na coloração é causada por questões climáticas, mas a água é potável e segura para consumo. A Sabesp foi privatizada pelo governo de Tarcísio de Freitas em 2024, e só tem apresentado problemas e descaso.
“Parece que vem direto da represa para a torneira, sem tratamento nenhum”, diz Joelma Gomes, 33, moradora da Vila Natal, no Grajaú. Sua vizinha, Lucrécia Freitas, 42, diz estar sentindo até coceira ao tomar banho e que seu filho de seis meses desenvolveu um quadro de dermatite.
Moradores de vários bairros atingidos têm compartilhado a situação em grupos nas redes sociais. Eles reclamam ainda da demora da Sabesp em atender suas solicitações de vistoria.
Ainda na zona sul, residentes convivem com falta d’água, como mostrou a reportagem da Folha de São Paulo. O desabastecimento, porém, tem se tornado cada vez mais longo, afirmam.
Moradores de Taboão da Serra estão revoltados com o descaso da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) com os serviços prestados no município. Eles relatam que a qualidade da água que sai das torneiras está “imprópria para consumo, barrenta, com cheiro ruim e coloração amarelada”, e enfrentam dificuldades para lavar as roupas, tomar banho e cozinhar.
Segundo relatos, eles precisam comprar galões de água para consumir. “Mas como lavar roupas e tomar banho? Está muito difícil, e é revoltante. Pagamos caro para a Sabesp nos enviar uma água pobre. Além da conta, agora precisamos gastar com galões de água. Cada um custa R$ 11 e dá para usar por um dia aqui na minha casa, pois usamos para beber e cozinhar. É um absurdo e ninguém faz nada para resolver o problema. O povo que fique com o prejuízo.”
Eles contam que fizeram reclamações na companhia, mas o problema não foi resolvido. “Quando não falta água, ela vem podre. Evito tomar, tenho que comprar água, o que é um absurdo já que pagamos para a Sabesp. O descaso é muito grande”, fala Maria Pereira, Jd. São Judas.
No Parque Alto do Rio Bonito, na Cidade Dutra, a água na casa de Gabriel Freitas, 23, acabou no início da noite e voltou somente após as 6h. Mesmo assim, relata ele, sua conta aumentou 400% em comparação ao último mês, indo de R$ 120 para R$ 480.
Isabella Seglio também enfrenta desabastecimento no Capão. Às 16h desta segunda (24), ela já não tinha água. “Isso sempre aconteceu por aqui, mas antes começava umas 22h30, depois 19h, agora já no começo da tarde.”
Segundo Samanta Souza, diretora de relações institucionais e sustentabilidade da Sabesp, o crescimento populacional na zona sul sobrecarrega a tubulação que retira a água da represa de Guarapiranga–reservatório responsável pela região sul– e distribui para as casas.
“Se um duto foi projetado para atender mil residências, ele vai ter problemas quando a demanda cresce muito”, disse.
Isso, afirma, piora quando o clima é quente e seco. Nessas condições, a população tende a aumentar o consumo, forçando ainda mais a canalização.
A Sabesp diz estar investindo em obras e infraestrutura para aumentar a capacidade de fornecimento de água na zona sul da capital.
São cinco obras a serem concluídas até o fim de março: três novas estações de tratamento, um reservatório e uma nova central de bombeamento. A companhia informou que entregou na semana passada a primeira dessas cinco obras, uma nova estação de tratamento de água, que produz 50 litros por segundo.