A subprocuradora-geral da República, Luiza Cristina Frischeisen, disse que as urnas eletrônicas são “plenamente auditáveis” e impedem fraudes, mas Jair Bolsonaro atenta contra elas e pede voto impresso “para manter em permanente conflito uma parte da sociedade que acredita nisso”.
Para a Luiza Frischeisen, defender a urna eletrônica também é defender a democracia.
A subprocuradora-geral foi a mais votada pelos membros do Ministério Público Federal (MPF) para a lista tríplice para a Procuradoria-Geral da República (PGR). Jair Bolsonaro preferiu ignorar a sugestão dos procuradores e reconduziu Augusto Aras para o cargo.
O voto na urna eletrônica “é plenamente auditável e existe há 25 anos, servindo para prevenir fraudes que se davam com o voto por escrito. A urna eletrônica tornou tudo mais auditável e fácil”.
Jair Bolsonaro diz que tem provas de que as eleições de 2014 e 2018 foram fraudadas, mas não apresentou nenhuma prova, e que as eleições de 2022 podem não acontecer caso o voto impresso não seja aprovado no Congresso Nacional.
A subprocuradora-geral Luiza Frischeisen disse que “não há prova nenhuma de fraude. A Polícia Federal recentemente divulgou nota dizendo que não existe inquérito sobre isso. Inclusive, o candidato perdedor em 2014 [Aécio Neves] se pronunciou também e disse que não houve nenhuma fraude”.
“Isso acaba sendo uma estratégia para manter em permanente conflito uma parte da sociedade que acredita nisso”, afirmou em entrevista ao CB.Poder, programa que é uma realização do jornal Correio Braziliense e da TV Brasília.
“É importante as pessoas se informarem mais e não acreditarem em tudo que recebem por grupos de WhatsApp, ou acreditarem em uma única fonte que tenha interesse em divulgar inverdades”, continuou.
Ainda na entrevista, Luiza afirmou que a lista tríplice para a Procuradoria-Geral da República (PGR), formada através de votação entre os membros do MPF, “é a ferramenta que melhor assegura independência e autonomia do MPF no exercício de suas atribuições” e deveria ser usada pelo presidente.
“A lista tem um quórum enorme, quase 70% da classe”, informou.
Jair Bolsonaro indicou Augusto Aras novamente porque ele agiu de forma submissa ao governo federal, defendendo seus interesses e não investigando seus crimes.
“Eu defendo o exercício do cargo de PGR como uma forma mais ativa, especialmente na defesa do Estado Democrático de Direito – aliás, a Constituição estabelece que a primeira obrigação do MP é a defesa do Estado Democrático”, disse Luiza Frischeisen.
A subprocuradora-geral disse ainda que a democracia não deve aturar atos “daqueles que defendem a volta da ditadura militar, daqueles que posam para fotografias com pessoas de partidos reconhecidamente neonazistas, racistas e xenófobos”.
“Nós temos que ficar atentos, tudo é símbolo e nós temos que dizer que isso não é possível dentro de uma democracia”, defendeu.