A Procuradoria Geral da República (PGR) divulgou nesta segunda-feira, 10, uma nota em que repudia os assassinatos de dois militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), ocorridos na noite de sábado (8), em Alhandra, na Paraíba.
A nota de Solidariedade e Repúdio, também assinada pelo Ministério Público Federal e Regional dos Direitos do Cidadão, lembra que a morte dos ativistas ocorreu a dois dias da comemoração dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), “fato que preocupa diante do contexto sombrio de violência contra os movimentos sociais e demonstra quão distante ainda estamos da efetivação dos direitos garantidos pela Declaração”.
Na segunda-feira (10), na cidade de Mari, a cerca de 60 km de João Pessoa, aproximadamente duas mil pessoas de várias cidades paraibanas e lideranças do MST de outros estados, participaram do sepultamento do trabalhador rural sem terra, José Bernardo da Silva, conhecido como Orlando, de 46 anos, brutalmente assassinado junto a Rodrigo Celestino, de 38 anos, durante o jantar em uma das casas do acampamento Dom José Maria Pires. Rodrigo Celestino foi velado e sepultado em cerimônia fechada para familiares e amigos no domingo, em João Pessoa.
De acordo com a Polícia Civil, Orlando e Rodrigo foram executados a tiros por criminosos encapuzados. As testemunhas relatam que os atiradores mandaram as outras pessoas que estavam no jantar se afastarem e atiraram somente nas duas vítimas.
A delegada seccional da região de Alhandra, Roberta Neiva, afirma que os criminosos conheciam o acampamento, pois invadiram o local sem quebrar as cancelas que controlam a entrada de pessoas e veículos. “O perímetro me diz que quem entrou e saiu conhecia a área. O que a gente tem absoluta certeza é de que os dois homens que foram mortos não estavam sozinhos no local. Não parece ter sido um abrir fogo, aparentemente, os disparos foram direcionados às duas pessoas”, comentou Neiva.
O MST informou nesta segunda-feira, que desde a ocupação da área da fazenda Igarapu, ocorrida em 2017, não foi registrado nenhum tipo de conflito na região pela terra ou algum tipo de ameaça. Para o MST, o assassinato destas lideranças tem “caráter de crime para intimidar a luta pela terra”.
“Exigimos justiça com a punição dos culpados e acreditamos que lutar não é crime. Nestes tempos de angústia e de dúvidas sobre o futuro do Brasil, não podemos deixar os que detêm o poder político e econômico traçar o nosso destino. Portanto, continuamos reafirmando a luta em defesa da terra como central para garantir dignidade aos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade”, disse a organização, por meio de nota.
A informação de que não houve nenhum conflito no local também foi confirmado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).