Dirigentes sindicais de todo o país promoveram uma manifestação em frente à Bolsa de Valores de São Paulo, na quinta-feira (24), para denunciar a situação alarmante dos trabalhadores em frigoríficos, um dos setores mais atingidos na pandemia do coronavírus.
O ato, organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Alimentação (CNTA), pela Confederação Brasileira dos Trabalhadores na Alimentação da CUT (Contac-CUT) e pela União Internacional dos Trabalhadores na Alimentação (UITA), faz parte da campanha “A carne mais barata do frigorífico é a do trabalhador”, que denuncia o descaso dos empresários do setor e do governo diante da alta taxa de contaminação dos trabalhadores nas fábricas. Segundo as entidades sindicais, mais de 120 mil trabalhadores já foram contaminados nos frigoríficos.
“O setor de proteína animal está tendo lucros durante todo o período da pandemia, mas na linha de produção, 25% dos empregados já foram contaminados”, afirmou o vice-presidente da CNTA, Artur Bueno Júnior.
Os dirigentes sindicais reivindicam testagem em massa nas fábricas, redução em 50% da aglomeração nas linhas de produção, o fornecimento adequado de materiais de proteção e a troca diária de máscaras.
Durante a manifestação, que simulava um cortejo fúnebre, os sindicalistas conduziram um caixão simbolizando a trágica situação dos trabalhadores.
As entidades resolveram promover o ato após uma reunião com a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), em 9 de setembro, onde os empresários se recusaram a atender as reivindicações dos sindicatos.
“Desde o início da pandemia, sabendo que este setor não poderia parar, reunimos as entidades e definimos ações preventivas. Além das medidas de higiene, estabelecemos as aglomerações como o desafio principal para combater o problema, encaminhando ofícios ao governo federal, deputados, senadores e ao STF. Infelizmente, não obtivemos nenhum retorno positivo”, denunciou o presidente do CNTA.
O secretário regional da UITA para a América Latina, Gerardo Iglesias, argumenta que os frigoríficos de todo o mundo são grandes focos de contaminação na pandemia, mas, segundo ele, alguns países, como a Argentina, por exemplo, têm uma situação muito diferente do Brasil. “Lá, as empresas e o governo estão em diálogo permanente com os sindicatos para interagir sobre o problema”, afirma.