Presidente do PSDB, com base nas pesquisas, diz que essa é a vontade da maioria da população, ressaltando, todavia, que o PT tem compromisso com a democracia, mas, Bolsonaro, não
O ex-deputado federal Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB, em entrevista à UOL, após assegurar que seu partido terá candidato à Presidência da República em 2022, avaliou que, no cenário atual, dificilmente faria uma opção entre Bolsonaro e Lula caso os dois chegassem ao segundo turno das eleições do próximo ano. “Se chegar a essa alternativa, infelizmente eu voto em branco”.
No entanto, Araújo apontou uma diferença entre Lula e Bolsonaro: o PT “faz parte de um conjunto de partidos que têm apreço, compreensão da importância do processo democrático”, ressaltando que, mesmo assim, “está muito distante do PSDB”.
Araújo citou uma declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) de que escolheria Lula em um eventual segundo turno contra Bolsonaro, mas disse que desta vez faria diferente. “Ele [FHC] foi colocado num pelotão de fuzilamento. Foi dito a ele que tinha que fazer a opção para não levar um tiro. Eu levaria o tiro”, acrescentando que “nós [PSDB] vamos trabalhar fortemente, firmemente para ter outra alternativa que não seja as duas.”
Segundo o dirigente do PSDB, o caminho do partido é o centro. Ele destacou que “mais da metade dos eleitores brasileiros quer uma alternativa que não seja Bolsonaro e não seja Lula. Nosso papel vai ser construir, com nossos candidatos, no campo do diálogo, uma alternativa que possa capturar mais de 50% do eleitorado brasileiro como alternativa de voltar a trazer o país para um ambiente racional de discussão de temas relevantes para reduzir desigualdade social, gerar empego, olhar para economia”, sentenciou.
“Nós apostamos que temos a melhor alternativa, o conjunto da opção de unidade de todo o campo de centro, vamos estar abertos ao diálogo”, completou Araújo, que insistiu que o partido ficará longe do discurso “radical”. Esta opção “menos radical”, argumentou ele, é o que fez com que o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) acabasse em quarto lugar em 2018, com menos de 5% dos votos, na primeira vez em que o partido não foi para o segundo turno desde 1989.
Segundo Araújo, o paulista era “um candidato decente”, mas com “um posicionamento político de temperamento não adequado para a vida publica nacional” naquele ano.
“Primeiro que, em 2018, o PSDB vivia um desgaste pela exposição dos problemas que o partido tinha passado. Segundo, porque em 2018 exigiu do candidato a presidente posições muito radicais em relação a todo desgaste que a sociedade brasileira vivia dos últimos anos”, salientou.
Com dois pré-candidatos em cena, os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), Araújo garantiu as prévias no partido para as eleições gerais. Os candidatos deverão se apresentar em 17 de outubro neste ano e as prévias, marcadas para 30 de abril de 2022.
Segundo ele, “João Doria tem suas características, foi o brasileiro que permitiu que hoje as vacinas que estão no Brasil, nove de cada dez foram disponibilizadas por ele. Eduardo Leite é o mais preparado político da nova geração de brasileiros, 35, 36 anos. Se disputar uma eleição de presidente terá 37 anos de idade, claro que é um ativo”, argumentou.
Bruno Araújo avaliou na entrevista, também, que a questão Aécio Neves é “um tema superado”. Para o tucano, a permanência no partido do deputado, indiciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no ano passado, já é um assunto encerrado. Neste ano, Doria voltou a liderar um grupo que buscou expulsá-lo, mas Araújo apontou para outro lado. “O deputado federal Aécio Neves exerce seu mandato, preside a comissão de Relações Exteriores, nosso projeto agora é olhar para frente”, finalizou.
As declarações do presidente do PSDB só reforçam a importância das forças que se opõem a Bolsonaro, à esquerda, ao centro e à direita, estarem dialogando através de pontes muito sólidas no primeiro turno, quando, todos sabem, será muito difícil a conformação de uma aliança orgânica em torno de um ou dois candidatos.
Alguns nomes, como o do governador do Maranhão, Flávio Dino, pela ampla capacidade de articulação junto a essas forças, em sua última entrevista ao Estadão, já demonstrou que pode desempenhar esse papel que não leve ao favorecimento de Bolsonaro. “Espero que possamos estar juntos com o centro democrático para vencer a eleição no segundo turno”, pois é o “bolsonarismo que deve ser batido”, afirmou.
(com informações da Uol Notícias)