“Não tem motivo para apoiar um deles no primeiro turno. Isso está fora de cogitação”, disse o deputado Ivan Valente, após a reunião da bancada do partido
Em reunião realizada no início da semana, a bancada do Psol rejeitou participar da iniciativa dos demais partidos de oposição de formar uma frente ampla para derrotar o candidato de Jair Bolsonaro na disputa pelo cargo de presidente da Câmara dos Deputados.
O partido decidiu pelo candidato isolado e a escolha do nome do Psol na eleição deve sair na segunda-feira.
O deputado Ivan Valente (SP) argumentou que o partido deverá lançar uma candidatura própria “para marcar posição”. Segundo Valente, “não tem motivo para apoiar um deles no primeiro turno”. “Isso está fora de cogitação”, disse o deputado, após a reunião da bancada.
Um dia depois desta declaração, na sexta-feira (15), foi anunciada a criação da frente com 11 partidos DEM, PDT, MDB, PSB, PT, PSDB, PCdoB, Cidadania, Rede, PSL e PV. Mesmo com a anúncio da frente capaz de impor uma derrota política de grande envergadura ao candidato de Bolsonaro, o Psol manteve a posição pela “marcação de posição”.
No lançamento do bloco democrático, o atual presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que lidera o movimento contra o fascismo bolsonarista, disse: “Enquanto alguns buscam corroer e lutam para fechar nossas instituições, nós aqui lutamos para valorizá-las. Enquanto uns cultivam o sonho torpe do autoritarismo, nós fazemos a vigília da liberdade. Enquanto uns se encontram nas trevas, nós celebramos a luz”.
“Nossos votos não fariam diferença”, voltou a argumentar Ivan Valente, mesmo avaliando que Arthur Lira (PP-AL) terá mais voto que o candidato da frente ampla.
“O indicado do grupo de Maia terá menos votos que Lira no primeiro turno, o que tornará mais valioso o apoio da oposição e dará mais condições de negociar a agenda que será votada nos próximos dois anos na Câmara”, disse Ivan Valente, revelando que o deputado está mais preocupado em atender interesses menores.
“Se o Lira ganhar no primeiro turno, não adiantaria nada se aliar ao candidato do Maia. Nossos votos não fariam diferença”, acrescentou Valente.
A frente possui mais partidos e mais votos, (cerca de 280), do que o candidato do Planalto, que conta com cerca de 200 votos, nas diversas projeções que estão sendo feitas. Entretanto, como são grandes interesses que estão em jogo nesta disputa, todos os esforços deverão ser feitos para derrotar Lira no primeiro e, se tiver, no segundo turno também.
Todos os democratas avaliam ser muito importante derrotar Bolsonaro de forma contundente para afastar de vez as ameaças que ele representa à democracia brasileira. Além disso, a vitória de Arthur Lira para o cargo significa Bolsonaro submeter o Parlamento aos seus apetites fascistas, como já vem tentando fazer desde que assumiu o Planalto.
Na sexta-feira (18) o deputado Orlando Silva (PcdoB-SP) discursou na tribuna da Câmara para anunciar a decisão histórica do grupo de partidos de oposição e alertou: “Essa decisão é muito relevante porque a Câmara dos Deputados tem cumprido um papel muito importante na defesa da democracia”, disse Orlando.
Ele destacou que “o país vive uma crise econômica que está combinada com uma crise humanitária em função da atitude genocida do Presidente da República”. Orlando lembrou que um dia antes Bolsonaro “propagou a não vacinação com o falso argumento da defesa da liberdade”. “É nessa circunstância que a oposição decide cerrar fileiras para fazer o bom combate”, disse o deputado.
“Vamos denunciar o caráter antipatriótico do governo Jair Bolsonaro. Ele é o chamado falso nacionalista, bravateiro, alardeia que defende o Brasil, mas não tem compromisso com os brasileiros, alardeia que defende o Brasil mas quer liquidar empresas estratégicas para o nosso desenvolvimento vendendo-as a preço vil. Bolsonaro é um risco para a democracia brasileira. Inúmeras vezes atacou instituições como o Parlamento, o Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro é símbolo do fascismo e do autoritarismo”, denunciou Orlando.