O ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, e o ex-presidente Lula fecharam um acordo de apoio mútuo e estarão no mesmo palanque em Minas Gerais. Em reunião realizada nesta terça-feira (17), os partidos PT e PSD confirmaram a o avanço na composição da chapa para a disputa do governo estadual em troca do apoio a Lula para a Presidência da República.
O avanço das negociações se deu após os petistas mineiros cederem e abrirem mão de indicar o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) para a disputa por uma vaga ao Senado na chapa encabeçada por Kalil. Em troca, o PT de Minas Gerais vai poder indicar o nome para a vaga de vice-governador na chapa.
A disputa pelo Senado era, até então, o principal entrave para a aliança, pois o nome do PSD era o do atual senador Alexandre Silveira (PSD-MG), presidente do partido em Minas Gerais e secretário-geral nacional do PSD. Silveira é aliado próximo ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e conta com apoio da bancada de deputados da sigla comandada por Gilberto Kassab.
Nos últimos dias, haviam até surgido rumores de que Silveira poderia aceitar convite para se tornar o líder do governo Jair Bolsonaro (PL) no Senado, mas que não se concretizou. Na contramão, petistas chegaram a sugerir uma aliança com o atual governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).
Nos bastidores, no entanto, havia o entendimento de que PT e PSD precisam um do outro. Fez-se o entendimento em reunião no fim de semana, em São Paulo, entre Kalil, Lula e Gilberto Kassab, presidente do PSD.
Ao mesmo tempo em que Lula busca palanque em Minas Gerais, as pesquisas de intenção de voto no estado colocam Kalil na segunda colocação.
Na última pesquisa da Quaest em Minas Gerais, Zema aparece em primeiro lugar, com 41% das intenções de voto. Kalil vem em segundo, com 30%. No entanto, quando recebe apoio do ex-presidente, o ex-prefeito de Belo Horizonte avança no levantamento.
Na corrida presidencial, a pesquisa em Minas Gerais traz Lula com 44% das intenções de votos no estado, contra 28% de Bolsonaro.
No início deste mês, Lula esteve em Minas Gerais e não se encontrou com Kalil devido ao impasse na possível aliança estadual entre PSD e PT. Depois disso, em sabatina realizada pela Folha e pelo portal UOL, o ex-prefeito de Belo Horizonte cobrou uma aliança formal entre os dois partidos.
“O que o candidato Alexandre Kalil quer é uma aliança formal com o presidente Lula. Isso eu quero deixar muito claro. Não tenho problema nenhum em andar com o presidente Lula”, afirmou.
NEGOCIAÇÃO
Os dois lados vão manter a negociação nos próximos dias para acertar os últimos detalhes e anunciar em breve um possível acordo. Dirigentes do PSD afirmam que a indicação para a vice em Minas Gerais não será uma carta-branca e caberá ao partido e a Kalil aceitarem a indicação.
Lopes foi escolhido para coordenar a campanha de Lula no estado e, assim, resolver o impasse com o PSD. “Vou desenhar o palanque que for melhor para a eleição do Lula em nome do Brasil”, respondeu Lopes ao jornal Folha de S. Paulo ao ser questionado sobre a possibilidade de ser vice de Kalil na disputa. Como coordenador da campanha presidencial do PT em Minas Gerais, caberá a Lopes negociar a montagem do palanque pelo partido em interlocução com o PSD. O nome escolhido para compor a chapa com Kalil deverá ser de consenso entre os dois partidos.