Atual presidente da Casa já tem apoio de mais de 10 legendas para se manter no posto por mais dois anos. Novo Congresso toma posse em fevereiro
Após reunião entre as bancadas partidárias, nesta terça-feira (29), a Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) e o PSB, que não integra a Federação, decidiram oficialmente apoiar a reeleição de Arthur Lira (PP-AL) à Presidência da Câmara dos Deputados em 2023.
Os quatro partidos, juntos, terão 94 deputados a partir do ano que vem, quando se inicia, em fevereiro, a nova legislatura.
“Nós aprovamos, então, o apoio à reeleição do presidente Arthur Lira. Se soma conosco também nesse apoio o partido do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin”, anunciou o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), líder do partido na Câmara, em entrevista coletiva após a reunião.
A decisão, segundo Lopes, foi tomada levando-se em consideração que Lira tem “postura colaborativa para uma pauta de reconstrução do Brasil” e que ele “foi o primeiro a reconhecer a legitimidade das urnas” quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou a eleição de Luiz Inácio Lula Da Silva (PT) à Presidência da República, em segundo turno, dia 30 de outubro.
“É fundamental essa estabilidade institucional”, afirmou o líder do PT.
O deputado Orlando Silva (SP), vice-líder do PCdoB, informou pelo Twitter que a “Federação Brasil Esperança – composta por PT, PCdoB e PV – faz agora uma reunião para avaliar a tramitação da PEC do Bolsa-familia e definir o apoio à reeleição de Arthur Lira à presidência da Câmara dos Deputados”.
“COMPROMISSO COM A PAUTA QUE VENCEU A ELEIÇÃO”
O líder do PV na Câmara, Aliel Machado (PR), disse que “não é estranho” o apoio da Federação a Lira, embora o atual presidente da Câmara tenha atuado como aliado de Bolsonaro nos últimos anos, inclusive durante a eleição.
Aliel reforçou que Lira tem “compromisso com a pauta que venceu a eleição” e “respeito à democracia e às instituições”.
Segundo o deputado Felipe Carreras (PE), que assumirá a liderança do PSB na Câmara em fevereiro, “a mensagem que a gente quer passar é de unidade, de paz, de pacificação política”.
O apoio a Lira foi decidido em consenso entre os membros da bancada do PSB, que elegeu 14 deputados no pleito de 7 de outubro.
Ainda sem nenhum adversário declarado, Lira pretende vencer novamente em primeiro turno — dessa vez, com número ainda maior de votos.
A eleição ocorre em fevereiro de 2023, para mandato de dois anos. Em 2021, Lira foi eleito em primeiro turno, com 302 votos, após reunir bloco parlamentar composto por 11 partidos a favor da candidatura dele.
CONSOLIDAÇÃO DE APOIOS
Agora, para a reeleição, Lira quer consolidar o apoio de ainda mais partidos, além das duas maiores bancadas da Câmara: o PL, de Jair Bolsonaro, que elegeu 99 deputados, e o PT, do presidente eleito Lula.
Isso não significa que os partidos atuarão no mesmo bloco partidário. Os blocos, que servem de base para a divisão de cargos na Câmara, ainda serão definidos.
“Entendemos que é possível construir um bloco de governo que possa dar ao país, ao presidente Lula, uma base sólida”, afirmou o líder do PT na Câmara. O partido deve iniciar ainda nesta semana “amplo debate” em busca da construção desse bloco suprapartidário.
CONVERSAS COM 15 LEGENDAS
Segundo Lopes, as negociações estão avançadas com 15 legendas — entre essas, União Brasil, que elegeu 59 deputados, MDB (42) e PSD (42).
Até agora, o atual presidente da Câmara garantiu o apoio de 12 partidos: PP (47), União Brasil (59), Republicanos (41), Podemos (12), PSC (6), PDT (17), Patriota (4), Solidariedade (4) e PTB (1), além da Federação composta por PT (68), PV (6) PCdoB (6), e PSB (14).
O PL (99) e o PSD (42) sinalizaram que também vão apoiar a recondução de Lira.
Parlamentares do PL devem discutir o assunto com o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, em jantar nesta terça-feira, em Brasília.
Caso essa ampla articulação partidária se confirme e se consolide, o atual presidente da Casa poderá não ter adversário.
GOVERNABILIDADE DE LULA
Para o PT, o apoio a Lira é importante para garantir a governabilidade de Lula a partir do ano que vem e facilitar a aprovação da PEC da Transição ainda neste ano.
A legenda também quer participar de bloco competitivo para negociar a presidência de comissões importantes, como a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), por onde passam todos os projetos em tramitação na Câmara dos Deputados.
A disputa pela CCJ, no entanto, não está definida. O PL, que elegeu a maior bancada, com 99 deputados, também tem interesse na presidência do colegiado.
Lopes afirmou que, com a consolidação do bloco, a ideia é garantir representatividade para participar, em forma de rodízio, dos principais espaços. “Em especial, aqueles que garantem maior governabilidade, CCJ e Orçamento”, pontificou.
M. V.