O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, se contradisse em depoimento na CPI da Pandemia e divulgou números menores de vacinas contratadas do que havia sido divulgado antes pelo próprio governo federal.
Queiroga ainda está prestando depoimento à CPI da Covid.
O ministério tinha divulgado a contratação de 560 milhões de doses tanto em peças de propaganda, quanto em declarações públicas de Queiroga.
No dia 24 de março, o Ministério da Saúde divulgou no Twitter vídeo de 30 segundos informando que “já foram comprados mais de 560 milhões de doses” de vacinas. No dia 31, Queiroga repetiu o número.
“O governo federal já tem contratados mais de 560 milhões de doses de vacina”, disse. “(Mas) é claro que não dispomos dessas doses no departamento de logística do Ministério da Saúde, até porque há uma carência de vacinas a nível internacional.”
Agora, na CPI, Queiroga alega que o “Ministério da Saúde não divulgou doses que estão em negociação. (…) 430 milhões [de doses de vacinas] estão contratadas, segundo me informou o nosso secretário-executivo”.
Em ofício enviado à Câmara dos Deputados divulgado na quarta-feira (5), o Ministério da Saúde confirmou a compra de apenas metade das 560 milhões de doses de vacinas contra o novo coronavírus.
A Secretaria de Vigilância em Saúde diz no documento que “registros documentais demonstram que foram celebrados acordos para fornecimento” de cerca de 281 milhões de doses de vacinas, enquanto outras 281,9 milhões ainda “estão em fase de negociação”.
O senador Renan Calheiros, relator da CPI, questionou o ministro.
“O próprio Ministério da Saúde divulgou essa informação. No entanto, em documento oficial dirigido à Câmara, as áreas técnicas informaram que apenas metade está contratada, cerca de 280 milhões de doses, o que é insuficiente para vacinar todos os brasileiros até o fim de 2021. A que se deve esse equívoco tão grande?”, perguntou Calheiros.
Queiroga tentou se explicar: “Na realidade, essa informação foi feita de maneira imprecisa para o deputado Gustavo Fruet, não se consideram as vacinas da Fiocruz. Esse acordo é feito através de transferência de… CET. Então, não há contrato entre Fiocruz e Ministério da Saúde. E essas doses da Fiocruz não foram ali consideradas, de tal maneira que o MS vai fazer uma retificação dessa informação que foi prestada de maneira imprecisa à Câmara dos Deputados”.
“Qual a verdade? Quantas doses estão efetivamente contratadas?”, insistiu Renan Calheiros. “Já falamos (pausa para ser orientado por assessor) 430 milhões estão contratadas, segundo aqui me informou nosso secretário executivo”, disse Queiroga. “Não são 560 milhões como afirmava Vossa Excelência?”, questionou Renan. “A observação da Fiocruz que não tem contrato, mas isso está assegurado dentro da Encomenda Tecnológica. São 100 milhões de doses, que perfazem as 560 milhões”, continuou tergiversando Queiroga.
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), perguntou se as mais de 500 milhões de vacinas estarão disponíveis até o fim do ano. Marcelo Queiroga não garantiu. “O compromisso, senador… Agora, o senhor sabe que há questões de desembaraço aduaneiro, de insumos… problemas”, disse.