O deputado estadual do Rio Janeiro Rodrigo Amorim (PSL) – o mesmo que quebrou a placa com o nome da vereadora Marielle Franco, assassinada em 14 de março do ano passado junto com seu motorista Anderson Gomes – mais uma vez manifestou o seu preconceito e racismo.
Em declaração nesta sexta-feira sobre a Aldeia Maracanã, prédio antigo onde fica localizada uma aldeia indígena urbana, no bairro do Maracanã, o deputado disse que é necessário uma “faxina” no local, afirmando que “quem gosta de índio que vá para a Bolívia, que, além de ser comunista, ainda é presidida por um índio”, atacando também Evo Morales e nossos vizinhos bolivianos.
No final da tarde, o deputado tentou se explicar, mas acabou repetindo a asneira: “Da maneira que foi colocada (a declaração no jornal O Globo), dá impressão que eu tenho algo contra o povo indígena, mas é contra o comportamento da esquerda que entende que fazer críticas a aquele lixo que é a Aldeia Maracanã, é fazer críticas aos indígenas. Se eles estão preocupados na manutenção daquele lugar, que vão para a Bolívia”, disse.
A declaração do deputado ocorreu logo após o presidente Bolsonaro confirmar a política de devastação de terras indígenas ao subordinar as funções de identificação, delimitação, demarcação e registro de terras indígenas ao Ministério da Agricultura por meio da Medida Provisória (MP), 870/2019. Ou seja, essas funções, antes realizadas pelo órgão FUNAI, passam para a jurisdição da ministra conhecida como musa do veneno, Tereza Cristina (DEM-MS), subordinando esses interesses à bancada ruralista.
Já em abril de 2017, Bolsonaro declarava no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro: “Onde tem uma terra indígena, tem uma riqueza embaixo dela. Temos que mudar isso daí. […] Eu fui num quilombo, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gastado com eles”., e que não terá “um centímetro demarcado”.
Para o deputado estadual Flávio Serafini (PSOL), “o objetivo de derrubar a Aldeia Maracanã é o mesmo de quem quer acabar com as reservas indígenas. É fazer com que a gente reviva um processo de colonização e de extermínio do povo indígena. É lamentável que, nos dias de hoje, estejamos revivendo discursos que busquem exterminar a cultura indígena.”, disse.