Em 113 dias de 2021 foram contabilizadas 195.949 mortes pelo coronavírus, enquanto de 17 de março de 2020, quando foi confirmada a 1ª morte pela doença em São Paulo, até 31 de dezembro foram registrados 194.976 óbitos. Foram 289 dias para alcançar a marca
Ao conceder, na última quinta-feira (22), entrevista à revista Veja, o ex-secretário de Comunicação do governo federal, Fábio Wajngarten — em que disse que houve “incompetência” e “ineficiência” do Ministério da Saúde, sob Eduardo Pazuello, nas negociações com a Pfizer para a compra de vacinas contra o novo coronavírus —, chamou à atenção para si e deverá ser convocado a se explicar na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, no Senado.
O colegiado vai ser instalado na terça-feira (27) pela manhã.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), cotado para ser vice-presidente da comissão de investigação, vai apresentar requerimento para que Wajngarten seja convocado a depor na CPI e também acareado com Pazuello. O ex-ministro poltrão de Bolsonaro foi atirado aos leões pelo ex-secretário. Identificou-se nessa iniciativa, a tentativa de aliviar para o ex-chefe.
Começou a operação para tentar isentar o presidente pela tragédia pandêmica que consome o Brasil desde março de 2020 e não dá sinais de arrefecer.
DEPOIMENTO VAI SER DE “SUMA IMPORTÂNCIA”
No requerimento, que vai ser apresentado oficialmente na terça-feira, o senador escreve que a presença de Wajngarten será de “suma importância” para a investigação.
E vai ser mesmo, pois o publicitário, dispensado no mês passado do posto, fazia parte da “cozinha” do presidente no Palácio do Planalto. Vivia com ele, quando secretário, para cima e para baixo.
Proposta inicialmente com o objetivo de investigar apenas as ações e omissões do governo federal na pandemia, a CPI teve seu escopo ampliado.
Após pressão do Palácio do Planalto, cujo objetivo era tentar “melar” as investigações — não conseguiram —, o alvo do colegiado foi ampliado e passou a incluir eventuais desvios de recursos federais enviados a Estados e municípios. A rigor, esse procedimento já estava incluído no requerimento de Randolfe, primeiro signatário do pedido de abertura da CPI.
O objetivo do governo com esse ardil foi tentar safar o presidente da República, que até hoje propaga a mentira que a decisão do STF (Superior Tribunal Federal) ao conceder poderes para os chefes dos entes subnacionais — governadores e prefeitos — “atou as ‘mãos’” do Executivo federal para atuar contra a pandemia.
ACAREAÇÃO
Randolfe quer também, além de convocar o ex-secretário, realizar acareação entre ele e o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na CPI. Ou seja, ele quer colocar os dois personagens juntos em uma única reunião para serem ouvidos pelos senadores e poderem se confrontar diretamente. “Acho que vai ser inevitável isso”, disse o senador.
Pazuello, certamente, vai ser um dos principais personagens dessa investigação, pois na condição de ministro da Saúde foi desastroso na gestão da pandemia. Ele não exerceu, de fato, o comando da pasta que ocupou depois da saída do médico Nelson Teich, em 15 de maio de 2020. Teich não ficou nem um mês (29 dias) à frente do ministério. Pazuello foi apenas um “testa de ferro” no comando da Saúde.
Independentemente da possibilidade de acareação, Pazuello também deve ser convocado a se explicar na CPI da Covid. O colapso no sistema de saúde de Manaus e a lentidão do avanço da vacinação são algumas das linhas de frente de apuração do colegiado, onde o governo está em franquíssima minoria. Dos 11 membros, conta apenas com 4, que vão defender o governo.
TCU E MPF NO ENCALÇO DE PAZUELLO
Os senadores também possuem relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) que listou série de omissões graves de Pazuello no comando da pasta. O documento apontou que o Ministério evitou assumir a liderança do combate à Covid-19 e abriu mão de responsabilidades. Por óbvio, não era ele quem mandava. Ele obedecia a ordens do chefe-superior – Jair Bolsonaro.
Na semana retrasada, o MPF (Ministério Público Federal) também apresentou ação de improbidade administrativa contra Pazuello e secretários do Ministério da Saúde por ações e omissões da pasta que levaram ao colapso dos hospitais em Manaus (AM). A maioria dos senadores da CPI acredita que a gestão de Bolsonaro errou na condução da crise sanitária no País.
Teich deixou o cargo em 15 de maio de 2020. Após quatro meses no cargo como ministro interino, Pazuello tomou posse em 16 de setembro como ministro efetivo. O general de divisão, mesmo diante de toda sua incapacidade de gerir adequadamente a pandemia, só foi exonerado em 23 de março por Bolsonaro.
QUADRO PANDÊMICO
Segundo dados atualizados pelo consórcio de imprensa neste domingo (25), o país tem um total de 390.925 mortes pela Covid-19 desde o início da pandemia. Já são, ainda segundo o consórcio, 14.339.412 casos da doença registrados oficialmente. O Brasil está atrás apenas dos Estados Unidos, que acumula mais de meio milhão de vidas perdidas para o novo coronavírus.
Em 113 dias de 2021 foram contabilizadas 195.949 mortes pelo coronavírus, enquanto de 17 de março de 2020, quando foi confirmada a 1ª morte pela doença em São Paulo, até 31 de dezembro foram registrados 194.976 óbitos. Foram 289 dias para alcançar a marca. Ou seja, já morreram em 2021 mais brasileiros por Covid-19 que em 2020.
No sábado (24), o mês de abril se tornou o mais letal da pandemia da Covid-19 no Brasil, com 67.723 mortes confirmadas, ultrapassando as 66.868 em todo o mês passado.
A média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias chegou a 2.498. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de -20%, indicando tendência de queda nos óbitos decorrentes da doença. Foi a maior queda desde 11 de novembro, quando a média móvel de mortes apresentou queda de -27%.
Já são 95 dias seguidos no Brasil com a média móvel de mortes acima da marca de mil; o país completa agora 40 dias com essa média acima dos 2 mil mortos por dia.
Como o governo não comprou os imunizantes que estavam disponíveis entre agosto e dezembro de 2020, a vacinação no Brasil é aplicada à conta-gotas.
O balanço da vacinação contra Covid-19 deste este domingo aponta que apenas 29.031.874 pessoas já receberam a primeira dose de vacina contra a Covid-19, segundo dados divulgados até as 20 horas. O número representa 13,71% da população brasileira.
A segunda dose já foi aplicada em 12.579.100 pessoas (5,94% da população do País) em todos os estados e no Distrito Federal. No total, 41.610.974 doses foram aplicadas em todo o país.