Jair Bolsonaro, candidato do PL à reeleição, afirmou nesta sexta-feira (26) que, no Brasil, não existe fome “para valer” e deu mais demonstração de que está se lixando para a situação do povo brasileiro. É um escárnio com as pessoas que passam fome no país. Bolsonaro tenta desesperadamente tapar o sol com a peneira.
“Fome no Brasil? Fome pra valer. Não existe da forma como é falado”, disse Bolsonaro em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan.
Ele comentava uma declaração da candidata do MDB à Presidência, senadora Simone Tebet (MDB-MS), que citou que 33 milhões de pessoas passam fome no país.
“Essa senadora [Simone Tebet] aí, falou besteira aqui. Gente passa mal? Sim, passa mal no Brasil. Alguém já viu alguém pedindo um pão na porta, ali, no caixa da padaria? Você não vê, pô”, afirmou Bolsonaro.
Não vê por que não quer ver. Não quer ver gente catando comida no lixo, não quer ver pessoas disputando ossos nos açougues ou correr atrás de peles de frango para ter o que dar de comer para seus filhos.
O rei das rachadinhas ignora tudo o que se refere à vida do povo brasileiro.
Não reconhece a carestia, inflação, miséria e desemprego que atingem os brasileiros.
Por isso sua inserção na TV da campanha eleitoral faz propaganda enganosa e diz que R$ 600 do Auxílio Brasil “alimenta a família inteira”.
Em palestra promovida pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Bolsonaro classificou como “conversa mole” a promessa de Lula de que, se for eleito, a população voltará a consumir picanha e tomar cerveja. “Cola isso? Não tem filé mignon para todo mundo”, disse Bolsonaro. Não passa pela sua cabeça que o povo possa viver bem. Só ele e a sua família.
Seus filhos Carlos Bolsonaro e Flávio Bolsonaro, inspirados pelo pai, implantaram em seus gabinetes o esquema das rachadinhas, apropriação dos salários de assessores, fantasmas ou não. Flávio Bolsonaro é investigado pelo Ministério Público do Rio pelo esquema quando era deputado estadual no Rio de Janeiro.
Não é por outro motivo que, enquanto o povo passa fome, o “mito” adora passear de jet ski, de moto e farrear em Guarujá, São Paulo, e nas praias de Santa Catrina.
À tarde da sexta-feira, em entrevista a um podcast sobre fisiculturismo, Bolsonaro voltou a tentar esconder a fome e a miséria. Ele negou que mais de 30 milhões de brasileiros passem fome.
Segundo ele, “deve ter gente que passa fome no país”.
“Até no interior tem gente que passa mal? Tem gente que passa mal, sim, mas quem, porventura, está na linha da pobreza aí passando fome, sim, deve ter gente que passa fome, é só…”, desdenhou.
Uma pesquisa foi divulgada em junho pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), apontando que o Brasil soma cerca de 33,1 milhões de pessoas sem ter o que comer diariamente.
Pelo levantamento, a insegurança alimentar, que mede os que vivem em situação de insegurança moderada e leve, atingia 116,8 de brasileiros no levantamento anterior, contudo, hoje esta é uma realidade para um contingente de 125,2 milhões de brasileiros. Isso corresponde a 58,7% da população do país. Na comparação com 2020, a insegurança alimentar aumentou em 7,2%. Já em relação a 2018, o avanço chega a 60%.