(*) MAMEDE SAID
É normal um presidente da República ser chamado de vagabundo pelo próprio líder do partido pelo qual se elegeu e que integra? É normal o presidente se imiscuir na atividade parlamentar do partido, tentando afastar o líder da bancada para, em seu lugar, colocar o próprio filho?
É normal o presidente, às vésperas de votações decisivas, destituir a líder do Governo no Congresso porque esta não abraçou a candidatura do filho? É normal o presidente deixar vago, meses a fio, o cargo de embaixador nos EUA porque teima em agradar o filho com uma embaixada?
Nada disso é corriqueiro na vida político-institucional de nações civilizadas. Mas, em se falando do Brasil de Bolsonaro, tudo tem sentido e razão de ser. Inexiste articulação política, inexiste diálogo respeitoso entre o Executivo e o Legislativo, inexiste governança e racionalidade administrativa.
Reina o caos institucional e a paralisia das ações governamentais. Mas não falta o espetáculo deprimente de um governo que se enreda em questões paroquiais e em disputas pueris, bem ao estilo do governante e de seu entorno familiar. Como o Brasil se apequenou tendo à frente de seus destinos uma figura como Jair Bolsonaro…
(*) Professor Universitário e Diretor da Faculdade de Direito da UNB