Tragédia matou 15 pessoas
O deslizamento de terra ocorrido no Morro da Boa Esperança, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, e que deixou 15 pessoas mortas, foi mais uma tragédia do tipo que poderia ter sido evitada.
Um estudo de 2015 da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM, o serviço geológico do Brasil), alertava para um risco de deslizamento, de médio a alto, no Morro da Boa Esperança. Na noite de sábado (10), cerca de 20 mil toneladas de terra e pedras desabaram, atingindo seis imóveis e matando 15 pessoas. A área ainda está em risco. Quatro vítimas foram enterradas na segunda-feira (12).
CPRM, afirma que foi entregue à prefeitura de Niterói, em 2015, um estudo que classifica a área onde houve a tragédia como uma encosta de suscetibilidade média a alta. “Em 2015, esse mapeamento foi feito e depois ele foi disponibilizado – como todos os dados da CPRM -, disponibilizado no site, informado à municipalidade que o mapeamento estava ali disponível”, fala Sandra Silva, chefe da divisão de geologia aplicada do órgão.
Em 2009, um levantamento completo da região feito por um professor da Universidade Federal Fluminense, já dizia que o risco de deslizamentos na região era “médio”, e que todos os morros da cidade precisavam deste tipo de acompanhamento constante. De acordo com o professor da Escola de Engenharia da UFF, Elson Nascimento, a drenagem da água da chuva que era absorvida pelo solo, se alterou com as ocupações irregulares. “Então, a expectativa que se tem é que essas situações tenham piorado, devido a essas ocupações nas encostas”, disse.
O deslizamento também poderia ter sido evitado se o Plano de Mapeamento de Áreas de Risco do Município de Niterói, contratado no ano de 2016, estivesse pronto. Essa pesquisa, que teria como finalidade identificar os riscos da comunidade Boa Esperança, e que custou quase R$ 3 milhões aos cofres públicos tinha previsão de entrega para fevereiro de 2018. Segundo a prefeitura, ele deve ser divulgado no mês que vem. “Não existia nada que evidenciasse uma necessidade… Ou, uma… Evidenciasse que pudesse ocorrer uma fissura de um maciço rochoso, que foi o que aconteceu”, afirma o tenente-coronel Wallace Medeiros, Secretário de Defesa Civil de Niterói.
A prefeitura de Niterói declarou que não tem conhecimento do estudo feito pela CPRM.