O deputado Renildo Calheiros (PE), líder do PCdoB na Câmara, afirmou que “há uma suspeição de que houve uma grande corrupção” no governo Bolsonaro na compra da vacina Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech.
“Governo Bolsonaro deve explicação ao Brasil”, cobrou Renildo nas suas redes sociais.
“A vacina Covaxin, pelo que tudo está mostrando, foi superfaturada em 1.000%. Ela tinha uma empresa funcionando como atravessadora, que queria o pagamento adiantado, e o servidor público da área responsável foi pressionado para fazer o pagamento. E essa empresa se estabelece exatamente em um paraíso fiscal”.
“Há uma suspeição de que houve uma grande corrupção no governo na compra dessa vacina”, disse Renildo em discurso na Câmara.
“A surpresa nisso é a posição do governo, que sempre foi contra a vacina, que sempre fez campanha contra a vacina, que se interessou apenas pela Covaxin”, declarou.
O governo Bolsonaro assinou, em fevereiro, o contrato para comprar, por R$ 1,6 bilhão, 20 milhões de doses da Covaxin, que até hoje não tem o registro para uso emergencial da Anvisa.
Enquanto isso, o governo estava ignorando dezenas de e-mails da Pfizer, que oferecia seu imunizante por metade do preço praticado em outros países.
O interesse do governo Bolsonaro na compra das doses de Covaxin aconteceu justamente porque com elas ele conseguiu organizar um esquema criminoso, que está sendo desvendado pela CPI da Pandemia.
Um servidor concursado do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, foi pressionado por seus superiores, indicados por Jair Bolsonaro, para que assinasse um recibo com graves irregularidades.
Os recibos previam pagamento adiantado, duplicavam o pagamento do frete e colocavam uma outra empresa, sediada em um paraíso fiscal e que sequer era citada no contrato, para receber o pagamento.
Miranda se reuniu com Jair Bolsonaro para contar sobre o esquema de corrupção que tinha percebido. Alertado sobre o caso, Jair Bolsonaro preferiu não abrir nenhuma investigação. O fato configura o crime de prevaricação.
Bolsonaro sabia, segundo o relato de Miranda, que o esquema foi montado pelo líder de seu governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), porque este já tinha histórico com a empresa que intermediou a compra da vacina, a Precisa Medicamentos.
Foi Ricardo Barros quem apresentou uma emenda à Medida Provisória que facilitava a compra de imunizantes aprovados em outros países. Barros incluiu, com a emenda, a agência reguladora da Índia como parâmetro internacional.
Renildo Calheiros acredita que a MP foi importante para adiantar a imunização da população, mas o governo Bolsonaro aproveitou para facilitar seu esquema criminoso.
“Emendas aqui foram apresentadas, mas o problema não está nas emendas. O problema está no que aconteceu depois, no que veio na sequência”, contou.
“Eu queria deixar aqui bem claro: sempre lutamos pelas vacinas; quem sempre foi contra foi o governo. Nós sempre lutamos para que o povo brasileiro fosse vacinado”, acrescentou o deputado.
“Nós, da oposição, sempre lutamos para que o Brasil adquirisse o maior número possível de vacinas e, na escassez, usasse como referência a aprovação dessas vacinas por organismos internacionalmente reconhecidos e respeitados”.