Fantástico mostrou detalhes inéditos dos perfis falsos de assessores do presidente que já são investigados pela Polícia Federal, pelo Facebook e pela CPI da fake news
O programa Fantástico, da Rede Globo deste domingo (02), trouxe detalhes sobre a investigação do Facebook, do STF e da CPI das fake news do Poder Legislativo brasileiro que levou, no começo de julho, à derrubada de páginas em redes sociais ligadas ao gabinete do ódio que tem sede dentro do Palácio do Planalto e é operado por assessores do presidente.
Assista a reportagem é de Murilo Salviano, Diego Zanchetta, Alan Graça Ferreira e Nancy Dutra.
ASSESSOR DE BOLSONARO COMANDA ESQUEMA CRIMINOSO
O representante do Facebook, plataforma que retirou perfis falsos do ar por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), revelou que por trás dos perfis falsos estavam assessores, pagos com dinheiro público. Eles estão sendo acusados de manipular o debate público na internet, usando fake news, desinformação e ataques a adversários políticos do presidente.
Um dos donos dos perfis falsos é assessor especial do presidente Jair Bolsonaro, que trabalha dentro do Palácio do Planalto: Tércio Tomaz (foto) recebe um salário de mais de R$ 13 mil.
Um deles é Eduardo Guimarães, que já tinha sido descoberto na CPI das Fake News por ter usado um computador da Câmara dos Deputados para criar a conta de ataques virtuais “Bolsofeios”.
BILIONÁRIO AMERICANO FINANCIA MESMO ESQUEMA NOS EUA
Este esquema criminoso é uma cópia do que foi usado nos EUA para a eleição de Donald Trump com financiamento do bilionário de extrema direita Robert Mercer e seu funcionário simpatizante do nazismo Steve Bannon.
O Facebook inicialmente removeu um conjunto de contas e páginas brasileiras devido ao chamado comportamento inautêntico coordenado foi no dia 8 de julho. Segundo a plataforma, era um esquema com dezenas de perfis, que escondiam a verdadeira identidade dos criadores. Essas contas acumulavam cerca de 2 milhões de seguidores no Facebook e no Instagram.
Além de uma conta pessoal, Tércio mantinha outras duas, anônimas, chamadas Bolsonaro News. A investigação também apontou que a rede de contas falsas era operada por dois assessores ligados ao deputado federal Eduardo Bolsonaro.
O outro assessor é Paulo Eduardo Lopes, ou Paulo Chuchu (foto abaixo), como ele se apresenta – ele teve seis contas derrubadas: quatro se passavam por redações jornalísticas, como The Brazilian Post, The Brazilian Post ABC e Notícias São Bernardo do Campo, segundo o Facebook.
PERFIS FALSOS SE MULTIPLICAM PELO PAÍS
Outro operador do esquema mantinha pelo menos oito páginas inautênticas. Era Leonardo Rodrigues de Barros. Ele trabalhava pra deputada estadual Alana Passos, do PSL do Rio, e recebia um salário de mais de R$ 6 mil.
O presidente chegou a gravar um vídeo para uma dessas páginas. Postagens feitas por Leonardo eram compartilhadas pela noiva, Vanessa Navarro, assessora do deputado estadual Anderson Moraes, do PSL. Pelo menos sete páginas ligadas a Vanessa foram derrubadas – os nomes eram parecidos, com pequenas variações, apesar de pertencerem à mesma pessoa, uma prova, segundo o Facebook, do comportamento enganoso.
EMPRESÁRIOS FINANCIAM GABINETE DO ÓDIO
Detalhes dessa investigação sobre a rede brasileira vão ser encaminhados à Polícia Federal. A decisão foi tomada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, nos inquéritos que apuram a disseminação de fake news e o financiamento de atos antidemocráticos. Empresários que financiam o “gabinete do ódio’ já estão sendo investigados pela PF e o STF.
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