Policiais Civis, Escrivães e Delegados do Rio Grande do Norte rejeitaram a proposta do governo Robinson Faria e mantiveram a greve contra o atraso de salários iniciada na quarta-feira (26). Os servidores de diversas categorias estão sem receber os salários de novembro. Os que recebem acima de R$ 5 mil não receberam nem mesmo o 13º de 2017.
O atual governador, que está em término de mandato, disse que não tem prazo para pagar os atrasados. Os agentes intitularam o movimento de “Operação Zero” que se estende por tempo indeterminado.
Na manhã dessa quinta feira (27), o governo do estado propôs efetuar o pagamento dos 13º salários de 2017 apenas para os servidores da ativa. A proposta foi rejeitada em assembleia da categoria.
“Mais uma vez o governador mostrou desrespeito ao anunciar o pagamento do 13° de 2017 apenas para os servidores da ativa, deixando os aposentados e pensionistas sem receber. Nós não aceitamos por entender que não é justo fazer essa discriminação, assim como não é justo pagar apenas aos policias militares em detrimento aos demais operadores da Segurança Pública”, disse Nilton Arruda, presidente do Sindicato dos Policiais Civis do RN (Sindpol).
O governo de Robinson Faria (PSD) anunciou na semana passada que pagaria apenas os policiais e bombeiros militares no dia 28 de dezembro, o que gerou mais revolta nas demais categorias.
“O governador gerou uma crise desnecessária ao anunciar que pagaria o 13º salário de 2017 apenas para os policiais militares. Ele, que passou os últimos anos se dizendo ser o governador da segurança, vai encerrar a gestão comprovando que não entende do sistema de Segurança ao priorizar uma categoria em detrimento de outra”, disse Nilton.
Enquanto não há acordo para o pagamento dos salários, a paralisação afeta o funcionamento de mais de 95% das 160 delegacias da Polícia Civil no estado, segundo o Sindpol. “Só estamos recebendo os casos de flagrante. Em Natal, os boletins estão sendo feitos no Comando-Geral da PM. E, no interior, apenas nas delegacias regionais de Caicó e Mossoró”, ressaltou Nilton.
SOLIDARIEDADE
A Delegacia Geral da Polícia Civil pediu à Procuradoria-geral do Estado que emitisse ação judicial para suspender o movimento, em caráter de urgência. Contudo, o procurador Luís Marcelo Cavalcante de Sousa, que recebeu o processo, disse em despacho ao Procurador-Geral: “Não me sinto à vontade para combater referido movimento, antes, com ele me solidarizo, porque na mesma situação me encontro de total inconformismo com os atrasos salariais”.
“Eu me solidarizo porque estou vivendo o mesmo drama. Então não me sinto à vontade de combater essa greve”, reforçou Luís.
O procurador destacou que a situação dos servidores do Rio Grande do Norte é “alarmante” e pediu para que o processo fosse redistribuído entre o conjunto dos procuradores do estado. “Desde já registrando que, caso seja eu o sorteado para atuar no feito só farei depois que estiver com meus salários em dia, dispensando ao Governo o mesmo tratamento que dele tenho recebido.”, completou em seu despacho.
REPETIÇÃO
Não é de hoje que os servidores públicos do Rio Grande do Norte sofrem com o descaso de Robinson Faria. Entre o fim de 2017 e início de 2018, os policiais paralisaram as atividades durante 22 dias contra os atrasos nos pagamentos de salários.
A paralisação do começo do ano só teve fim quando o governo Faria se comprometeu a pagar o conjunto dos salários e apresentou um cronograma para tal. Infelizmente, Robinson não cumpriu suas promessas e a situação se repete neste fim de ano.
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