Deputado ficou descontente com a decisão de o partido manter “neutralidade” em relação à eleição para a Câmara, em fevereiro. O ato não causou surpresas, pois já era esperado. A filiação ao MDB ocorrerá assim que o TSE responder a uma consulta sobre o risco de perda do mandato parlamentar
O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou neste domingo (14) que vai sair do DEM e ingressar no MDB.
“Vou me filiar ao MDB. Já está decidido”, disse à coluna Radar, de Veja, em meio às especulações de que aguardaria os desdobramentos da mudança de cenário político provocados pelo retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao jogo político-eleitoral.
Às turras com o DEM desde a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, em fevereiro, a decisão de Maia fortalece o centro político e o campo democrático-progressista.
Ele articulou e apoiou a candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB-SP) à presidência da Câmara e na “hora h” foi traído pelo ex-prefeito e presidente nacional do DEM, ACM Neto, que aderiu à candidatura de Arthur Lira (PP-AL), apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Longe dos holofotes da mídia desde que deixou o cargo, Maia ressurge com o anúncio do desembarque do DEM e embarque no MDB.
O ex-presidente da Câmara vai oficializar a mudança logo que consiga autorização do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Desse modo, ele pretende encaminhar pedido à Corte Eleitoral nos próximos dias para mudar de partido, sem correr o risco de perder o mandato, antecipou o portal.
FAVAS CONTADAS
Não é segredo que Maia ficou descontente com a dita “neutralidade” (a maioria da bancada do DEM votou em Lira) do partido em relação à disputa entre Baleia e Lira para presidência da Câmara, em fevereiro.
Maia tinha a expectativa de que o DEM apoiasse o emedebista, considerado aliado, o que não se concretizou, por ação direta de ACM Neto, que inclusive foi contemplado, em razão desse apoio, com ministério para o aliado, deputado licenciado João Roma (Republicanos-BA), hoje ministro da Cidadania.
A decisão do deputado de mudar de partido não é vista com surpresa pelos parlamentares, que já esperavam esse movimento.
Depois da derrota na Câmara, Maia havia comunicado a intenção de deixar o DEM a ACM Neto. Depois de refletir durante um mês, o deputado teria formalizado, neste final de semana, sua decisão de desembarcar da legenda da qual é um dos fundadores.
O DEM foi fundado em 1985 como PFL (Partido da Frente Liberal), resultado da dissidência do PDS (Partido Democrático Social), hoje PP (Progressistas), em razão das articulações que ao fim elegeram Tancredo Neves, em 1985, à Presidência da República, no Colégio Eleitoral, após 21 anos do golpe civil-militar de 1964.
M. V.