“Nós queremos da Anvisa é que ela teste. Até porque ela, recentemente, depois do contraponto do Instituto Gamaleya, disse que realmente não testou a vacina”, argumentou o governador da Bahia
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou nesta sexta-feira (30), em entrevista à Globonews, que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) tem que esclarecer com testes se a vacina Sputnik V possui vírus replicante ou não. “O que nós queremos é que a Anvisa pegue um lote aleatório de vacinas e faça o teste, ou peça para algum laboratório fazer, e verifique, biologicamente, se tem o vírus replicante e acaba com essa polêmica, porque nós precisamos da vacina”, argumentou o governador.
Rui Costa disse que não é cientista, mas que assistiu um vídeo recentemente do CNTbio, que é o órgão brasileiro para cuidar da biosegurança, onde ele ratifica e reafirma que não há vírus replicante na vacina russa e autoriza e legitima o uso do imunizante. “É um órgão federal, responsável por biosegurança no Brasil, destacou o governador. “Quem tem razão?”, indagou ele.
“De novo, o que nós queremos da Anvisa é que ela teste. Até porque ela, recentemente, depois do contraponto do Instituto Gamaleya, disse que realmente não testou a vacina”.
“Então, ao invés de ficar com polêmicas, o que nós esperávamos e esperamos da Anvisa é que ela pegue um lote de vacinas e faça o teste, ou ela própria, ou encomende um laboratório que faça os testes, para saber se tem ou não esse vírus replicante, ao invés de ficar num debate sem sentido”, defendeu Costa.
Então, ao invés de ficar com polêmicas, o que nós esperávamos e esperamos da Anvisa é que ela pegue um lote de vacinas e faça o teste, ou ela própria, ou encomende um laboratório que faça os testes, para saber se tem ou não esse vírus replicante, ao invés de ficar num debate sem sentido”
O governador baiano fez questão de reafirmar que está do lado da ciência e da vida humana. “É por isso”, disse ele, “que, lá inicio do ano passado, assim que o vírus chegou ao Brasil, nós não conseguimos entender quais foram os parâmetros científicos e de defesa da vida que fizeram com que a Anvisa entrasse na Justiça para impedir que estados e municípios monitorassem quem estava chegando com possível contaminação nos aeroportos, medindo a temperatura e oferecendo gratuitamente para as pessoas fazerem o teste do Covid?”.
“E a Anvisa lutou bravamente na Justiça para impedir”, contou Rui. “Talvez tenha sido a única agência mundial com obrigação de cuidar da saúde e que favoreceu a disseminação do vírus”, disse ele. “Ao conseguir impedir que o estado da Bahia fizesse esse monitoramento dos aeroportos, foi exatamente isso o que ocorreu”, acrescentou. “Em três ou quatro dias que nós conseguimos fazer, nós recepcionamos várias pessoas chegando com teste positivo e nós avisamos aos passageiros que viajaram com eles no avião. Avisamos que tinha alguém contaminado, que eles fizessem o monitoramento e tomassem cuidado com seus familiares”, lembrou o governador.
“Pois bem”, prosseguiu Rui Costa, “a Anvisa naquele momento, não sei, eu fiquei curioso e ainda estou até hoje, para saber qual é o padrão técnico científico que justificou essa medida. Me pareceu à época muito mais um padrão de defesa da corporação do que a defesa da vida humana e em defesa da saúde pública. Mas nós continuamos defendendo a vida e a saúde. O que nós queremos é um pouco de voa vontade da Anvisa e de determinação para fazer a pesquisa”, insistiu Rui.
“Quem está precisando da vacina urgentemente somos nós, são brasileiros”, enfatizou o governador. “Então nós queremos uma posição técnica da Anvisa, com boa vontade de analisar e dizer ao povo brasileiro, ‘está aqui, peguei um lote de vacina aleatório e testei e tem ou não tem o vírus replicante'”, apontou. “Aqui na Argentina eles já vacinaram milhares de pessoas, aqui no México, já vacinaram milhares. São 62 países que estão aplicando essa vacina. Mais de 20 milhões de pessoas já tomaram essa vacina. Alguém haveria de reportar se algum fato relevante tivesse ocorrido”, destacou Costa.
“Aqui na Argentina eles já vacinaram milhares de pessoas, aqui no México, já vacinaram milhares. São 62 países que estão aplicando essa vacina. Mais de 20 milhões de pessoas já tomaram essa vacina. Alguém haveria de reportar se algum fato relevante tivesse ocorrido”
Rui disse que se a Anvisa estivesse convencida do que disse deveria “alertar a humanidade do risco que está se correndo com essa vacina”. “Entendo que a Anvisa agiu corretamente ao ter prudência e não suspender, como fez a Suécia, a Alemanha, a Itália, a França, a Noruega, a Dinamarca e Portugal, a aplicação da vacina da AstraZeneca. Por que? Porque reportaram trombose em alguns pacientes, A Anvisa disse, foram alguns pacientes, não significa que a vacina não pode ser aplicada. Apoio e concordo, o benefício é superior a eventuais casos de trombose que tenham aparecido, mas a Anvisa não acompanhou a Europa na suspensão dessa vacina, foi prudente”, observou o governador da Bahia.
Rui Costa lembrou ainda que “a Anvisa também não fez as exigências que estão fazendo agora quando a vacina foi a da Pfizer. Nós concordamos, nós estamos precisando de vacina e eu apoio essa medida”, disse ele. “Nós só estamos entendendo que está havendo dois pesos e duas medidas”, denunciou. “O nosso pedido é que ela nos dê cópias dos documentos que ela utilizou para dar o parecer e nós anexamos todos os documentos que nós recebemos do Instituto Gamaleya e queremos que a Anvisa se posicione sobre esses documentos que são densos e com provas”, argumentou.
Sobre a alegação de que técnicos da Anvisa foram impedidos de ter acesso aos laboratórios na Rússia. Rui Costa disse que o Instituto negou veementemente e garantiu que em momento nenhum os técnicos solicitaram a visita. “Nós enviamos duas pessoas do Consórcio do Nordeste que estavam presentes nos mesmos dias que a Anvisa estava lá. Quando eu digo que tem que ter boa vontade é porque os nossos técnicos estavam acompanhando a visita e em momento nenhum foi reportado para os nossos técnicos que foi negado a eles essa visita”, afirmou.
“Quem está falando a verdade?”
“Quem está falando a verdade? A Gamaleya que diz categoricamente que não houve a solicitação de visita ou a Anvisa que diz que foi impedida”, indagou Rui Costa. “Somos nós que precisamos da vacina. E quem precisa, acha soluções, pede ajuda à embaixada, etc. Desde o início a Anvisa está buscando desculpas porque, por exemplo, esse último julgamento que ela fez só ocorreu depois de uma negativa do ministro do STF que não deu mais prazo à Anvisa. O fato é que ela vem sucessivamente adiando a decisão”, assinalou Rui Costa.
“Nós perguntamos à Anvisa, diga qual é o documento que está faltando. Diga qual é o elemento que você precisa, a resposta era faltam documentos, faltam documentos. Nós queremos a vacina para salvar vidas humanas. São 400 mil mortes no Brasil. Queremos evitar mais mortes. Queremos um pouco de sensibilidade e um pouco de boa vontade”, sentenciou.
“Ninguém quer comprar uma vacina que prejudique a saúde das pessoas, agora, nós não nos conformamos que a Anvisa proíba que se fiscalize nos aeroportos quem chega com Covid, como também nós não nos conformamos com essa apatia da Anvisa. Quem está certo a Anvisa ou o CNTbio, que, em vídeo, afirmou que não tem problema na vacina? Nós queremos saber, eu não sou cientista. Eu quero saber dos cientistas quem está com a razão se é esse órgão federal ou é a Anvisa?”, indagou o governador ao final da entrevista.