Pouco antes do centro de terror ser atingido por míssil russo, seus funcionários se gabaram de poder “matar russos” em vários países
O presidente Vladimir Putin confirmou a jornalistas na terça-feira (30) a destruição do QG da inteligência militar em Kiev, em ataque com mísseis de alta precisão. A própria mídia ucraniana admitira que ocorreram fortes explosões e tremores na área onde ficam as instalações da Diretoria Principal de Inteligência das Forças Armadas do regime de Kiev. O trânsito na ponte que dá acesso à ilha onde fica a sede da Diretoria foi bloqueado na madrugada de 30 de maio.
“Temos falado sobre a possibilidade de atacar os ‘centros de decisão’. Naturalmente, o quartel-general da inteligência militar da Ucrânia se enquadra nessa categoria e foi atingido há dois ou três dias”, afirmou Putin.
O ataque ocorreu após uma série de ameaças de altos funcionários da Diretoria Principal de Inteligência de “matar russos” em todo o mundo.
Antes, o porta-voz dos militares russos, Igor Konashenkov, havia anunciado que “todas as instalações designadas foram atingidas” no ataque que teve como alvo os “centros de decisão em Kiev, de onde, sob orientação de especialistas de agências de inteligência ocidentais, atos terroristas foram planejados contra o território russo”.
Putin também se referiu ao ataque de drones ucranianos a Moscou, ocorrido no início do dia. O principal objetivo desses ataques é tentar “intimidar” os cidadãos russos, o que é um “sinal claro” de “atividade terrorista” por parte de Kiev, disse o presidente russo. Ao contrário da Ucrânia, que tem como alvo “prédios residenciais” na Rússia, Moscou está atacando apenas alvos militares, como depósitos de munição ou depósitos de combustível, com armamento de “alta precisão”, acrescentou.
OITO DRONES UCRANIANOS ABATIDOS SOBRE MOSCOU
O caráter terrorista da investida ucraniana com drones também foi destacado pelo ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu: um ataque “contra – eu enfatizo – alvos civis”. De acordo com um porta-voz militar russo, “todos os oito drones inimigos foram abatidos. Três deles foram interrompidos por meios de guerra eletrônica, perderam o controle e erraram seus alvos. Outros cinco drones foram abatidos por um sistema de defesa aérea Pantsir-S nos arredores de Moscou”.
Segundo o prefeito da capital russa, Sergey Sobyanin, vários prédios foram levemente danificados pelo ataque. Ninguém ficou gravemente ferido, acrescentou.
O presidente russo expressou satisfação com o estado das defesas aéreas de Moscou, dizendo que trabalharam “de maneira satisfatória” para desviar o ataque da manhã de terça-feira, embora “ainda haja algum progresso a ser feito”.
Putin também se referiu à interferência ocidental para tornar a Ucrânia pós-colapso da URSS em uma espécie de “anti-Rússia”e para anexá-la à OTAN.
“Não é suficiente que eles mentiram para nós quando disseram que não haveria expansão da OTAN para o leste. Eles até chegaram à Ucrânia. E em 2014, como você bem sabe, deram um golpe de estado e começaram a eliminar todos que queriam ter relações normais com a Rússia de uma forma ou de outra. Além disso, eles começaram uma guerra no Donbass, e depois mentiram para todos quando disseram que queriam resolver a situação por meios pacíficos. Agora eles admitem abertamente que estavam mentindo, e que eles só queriam ganhar algum tempo para reunir suas forças” em preparação para um conflito com a Rússia, disse Putin.
Os comentários de Putin seguem relatos na mídia ucraniana e russa no início do dia de que a Rússia havia atacado e destruído a sede da Diretoria Principal de Inteligência do Ministério da Defesa ucraniano em Kiev com um ataque de míssil.
A Diretoria Principal de Inteligência ucraniana é responsável por coordenar ataques de sabotagem, terrorismo e drones dentro da Rússia. Nas últimas semanas, seus altos funcionários fizeram uma série de declarações inequívocas sobre a necessidade de intensificar os esforços para “matar russos”, tanto na Rússia quanto em todo o mundo.
“Tudo o que vou comentar é que estamos matando russos e continuaremos matando russos em qualquer lugar do mundo até a vitória completa da Ucrânia”, disse o chefe da Diretoria de Inteligência Militar, Kyrylo Budanov, em entrevista à mídia norte-americana no início do ano, depois de ser solicitado a comentar se Kiev estava envolvido no assassinato da jornalista russa Daria Dugina no ano passado. Várias semanas depois, Budanov confirmou à mídia alemã que a lista de alvos de sua agência incluía o presidente da Rússia.
CENTRAL NUCLEAR SOB AMEAÇA
No Conselho de Segurança da ONU, o embaixador russo Vasily Nebenzia, advertiu que Moscou responderá com “extrema dureza” a qualquer ataque das Forças Armadas ucranianas contra a usina nuclear de Zaporozhia. A reunião discutiu a segurança da maior central nuclear da Europa, com a presença do diretor-geral da Agência Internacional para Energia Atômica, Rafael Grossi.
“A Rússia será extremamente dura em qualquer ataque da Ucrânia contra a usina, suas instalações de infraestrutura e linhas de fornecimento de energia, bem como à cidade que abriga a equipe da usina”, disse Nebenzia.
Ele advertiu que os ataques ucranianos já colocaram a central à beira de “um incidente nuclear que pode afetar não apenas o território ao redor da usina, mas também muito além, inclusive no [resto da] Europa”.
Grossi apresentou uma lista de cinco pontos essenciais para prevenir um acidente nuclear: 1.Não realizar nenhum tipo de ataque de ou contra a usina, principalmente contra os reatores ou o armazenamento de combustível irradiado; 2.Não usar as instalações como depósito ou base para armas pesadas; 3.Não usar o pessoal da planta para realizar agressões; 4.Não colocar em risco a energia fora da usina nuclear e fazer todo o possível para que essa energia permaneça sempre disponível e segura; 5.Proteger todas as estruturas, sistemas e componentes essenciais para a operação segura da planta.
Nebenzia observou que Moscou já põe em prática esses princípios. Repetidamente, a Ucrânia bombardeia a central nuclear, mas atribui isso à Rússia, que controla a usina desde março de 2022. A usina nuclear fica na província de Zaporozhya, perto da cidade de Energodar. Os seis reatores da usina estão desligados para minimizar o risco. A Rússia também tem denunciado planos do regime de Kiev de realizar uma provocação com uma “bomba nuclear suja”.