A Rússia pediu o alívio das sanções impostas sobre a Coreia Popular (norte) após Pyongyang ter concordado com a desnuclearização da península coreana e a cúpula Kim-Trump ter chegado a bom termo e defendeu o rápido fim de todas as “restrições unilaterais” lançadas por Washington.
“Uma modificação do regime de sanções imposto pelo Conselho de Segurança da ONU à RPDC [sigla da Coreia do Norte] poderia, e deveria, ser um dos mais importantes componentes da normalização na região”, afirmou a porta-voz da chancelaria russa, Maria Zakharova.
A porta-voz destacou que as próprias resoluções “repetidamente confirmaram a disposição do Conselho de Segurança para fazer tais ajustes de acordo com a dinâmica da situação”. “A dinâmica é óbvia”, acrescentou, apontando que uma atenuação das sanções pode prover “considerável sustentação para um acordo político e diplomático no noroeste da Ásia”.
A Rússia quer, ainda, que todas as sanções unilaterais, impostas por conta própria por outros países e acima das decididas pela ONU, sejam também suspensas. “Nós somos pelo mais rápido cancelamento de todas essas restrições unilaterais, em particular, as assim-chamadas sanções secundárias, extraterritoriais”.
O alívio também foi pedido pela China, que assinalou que “as sanções não são um fim em si”. Conforme o porta-voz Geng Shuang, “Nós acreditamos que o Conselho de Segurança deveria fazer esforços para apoiar o impulso diplomático neste momento”.
De 21 a 23 de junho, o presidente sul-coreano Moon Jae-In estará em visita oficial à Rússia e será recebido pelo presidente Putin. A Rússia tem proposto uma integração econômica entre as duas partes da Coreia, a Rússia e a China, como parte dessa nova realidade na península coreana.
Por iniciativa de Seul, a gigante russa do gás, Gazprom, anunciou a retomada das negociações sobre a construção de um gasoduto ligando a Rússia com a península coreana, com extensão de 1.100 km, dos quais 700 km passando pelo norte.
De acordo com o chanceler sul-coreano Kang Kyung-wha, “se o norte participar das conversações sobre a cooperação no noroeste da Ásia, isso serviria como um catalisador que ajudará a aliviar as tensões geopolíticas na região”. Com o gasoduto, os custos cairiam pela metade, já que atualmente a Coreia do Sul importa o bem mais caro gás natural liquefeito.
A Rússia convidou o líder norte-coreano Kim Jon Un a participar do Fórum Econômico Oriental, em setembro, em Vladivostok, ou visitar o país em outro data. O convite foi feito pelo presidente Putin ao receber na semana passada em Moscou o presidente da Assembleia Suprema da Coreia Popular, Kim Yong Nam. Em novo avanço da reconciliação intercoreana, delegações em nível de general de duas estrelas das partes da Coreia mantiveram as primeiras conversações entre delegações militares em mais de uma década. O encontro ocorreu em Panmunjon, na zona desmilitarizada.